131ª CIRANDA MENSAL CAPPAZ – CARNAVAL ONTEM E HOJE FEVEREIRO DE 2020
- Deomidio Macedo
- 17 de fev. de 2020
- 27 min de leitura
Atualizado: 3 de mar. de 2022

ÍNDICE CIRANDA TEMÁTICA
AC de Paula (28)
Akasha De Lioncourt (32 e 33)
Andrade Jorge (07)
Audelina Macieira (09)
Cardoso (30)
Carlos Alberto Barreto (10)
Carlos Reinaldo de Souza (25)
Cida Zanetti (15)
Deomídio Macêdo (14)
Diná Fernandes (31)
Eda Bridi (36)
Fernando Alberto Salinas Couto (13)
José Maria de Jesus Raimundo Silva (08)
Josue Ramiro Ramalho (26 e 34)
Joyce Lima Krischke (24 e 27)
Leonardo André (04)
Lourdes Ramos (17)
Luciene Alves (19)
Malú Ferreira (35)
Marcelo de Oliveira Souza (05)
Marina Martinez (21)
Negra Luz (01, 02 e 11)
Odilon Machado de Lourenço (16)
Patrícia Ferreira dos Santos (12)
Paulo Fardin (03 e 18)
Roseli Farias (23)
Sandra Lucia (22)
Sandro Rocco (06)
Sílvia Benedetti (29)
Vera Passos (20)
ÍNDICE TEMA LIVRE
Akasha De Lioncourt (16 e 17)
David de Carvalho (11 e 12)
Edy Simão (04)
Jouglas Simão (18)
Márcio Antonio Passos Della-Cella (13)
Paulo Fardin (01, 02, 03, 05, 06, 07, 08 e 09)
Roseli Farias (14 e 15)
Sérgio, Beija-flor-poeta (10)
PARTICIPAÇÕES CIRANDA TEMÁTICA
-01-
Meu carnaval com você
Negra Luz
Guardei a máscara, só para te amar.
Tirei a mortalha ao te encontrar.
O saco de confetes nem sei pra quem dei.
Carnavais foram muitos, e no seu bloco aportei,
Tantas máscaras deixei pra trás...
A de forte, que poderia esmagar o mais bruto ser.
A de viril, a ser desvirtuada por um harém
A de garbo, vangloriada de feitos
Umas de cristã outras de pagã, a testar sua fé
Máscaras largadas em esquinas de meus carnavais
Inesquecíveis emoções...
Frívolas...
Passagem até aqui.
Na memória, os gritos que dei
No passado, os beijos molhados
Corpos vazios, que o nome não sei
Carnavais em baús de ilusão.
Hoje, nas cinzas do tempo.
Só vestida de mim.
Pele ao sol.
Pupila no seu olhar.
Festa fechada para um só pagante.
Deixo-me guiar pela música da vez:
As batidas do meu coração,
Que revolvem a purpurina da alma
A avenida entre mim e você,
Pequena para nossas emoções.
Envoltos nesse baile sem máscaras,
Vivemos o Carnaval do nosso amor.
Salvador/BA
-02-
Esperança Carnaval
Negra Luz
Quem era a menina que o bloco levou?
No corpo, a fantasia.
Na máscara, o olhar.
Seguia a sinfonia de Osmar e Dodô.
Para uns era heresia,
Para outros era sonhar.
Sentia-se a alegria,
A anestesia da dor.
Dos pés só lembraria,
Quando o bloco passar.
Pulou como podia.
Gritava o amor.
Carnaval é energia.
Nem pensava em parar.
Nem tudo nessa vida é o que se plantou.
O cortejo, que se trilha, pode te desviar.
O atalho, que te afasta, pode te aproximar.
O destino da sua vida é festa ou é dor.
Qualquer dois que chegue: viva e deixe passar
Sugiro,na carona, que leve amor
Distribua e aproveite o tanto que dá
Renove a esperança na vida que há.
Salvador/BA
-03-
Carnaval - bateria - fantasia - emoção - desfile
Paulo Fardin
Vesti minha fantasia mais cara
E sai pela passarela a desfilar minha emoção
No repique apenas as batidas do meu coração
Meu samba enredo era errado
Mas mesmo assim eu desfilei
E no compasso dos meus passos
Meu samba eu sambei
Minha fantasia toda rasgada
Minha alma despedaçada
Meu sorriso amarelado
Nesse samba que sonhei
Não há mais alas
Nem baianas
Nem mestre sala
Ou colombinas
Resta apenas a alegoria
Da alegria que criei
Vesti minha fantasia mais cara
Pra miséria que fiquei
Só resta o encanto do canto
Que com os amigos veredei
Meu carnaval agora fala
Do silêncio que fiquei...
Bauru/SP
-04-
Sonho de Carnaval
Leonardo André
No carnaval, por entre as luzes da avenida,
eu conheci Maria Rosa, meu amor.
Nunca pensei que a mulher da minha vida
conheceria numa festa multicor
Ela era a Colombina
e eu um pobre Pierrot
com confete e serpentina
a nossa linda história começou.
O salão iluminado,
a orquestra tocando assim:
uma marcha rancho alegre
falando de amor pra mim.
São Paulo/SP
-05-
Carnaval
Marcelo de Oliveira Souza
A alegria chegou
O trio elétrico passou
A multidão também,
Alguém ficou
Caído no chão!
Uma arma de encontrão
Furou o pulmão
Todos gritando
Indo atrás da atração.
Gente de montão
Felicidade de milhão!
Em todo lugar uma transmissão!
Em outros lugares empurrão...
Ali no cantinho um chupão
Mais à frente cervejão!
O malhado valentão
Terminou na prisão,
Levou um cachação!...
Todo mundo vira multidão
Camarotes do barão
Folia bem diferente, não?
Mas também tem o folião
Dos blocos e do arrastão...
Nas cinzas ainda não basta, não!
A tristeza do cordão
Que virou cordeiro,
Trabalhou e dançou
Mas acabou sem dinheiro na mão!
Mais triste ainda quem gastou...
E nem chegou a brilhar
Mas terminou a quarta feira
Beirando o caixão!
Esperando a reencarnação
Para voltar à folia
Com toda energia
Ver tudo recomeçar!
Salvador/BA
-06-
Mardi Gras
Sandro Rocco
Som contagiante, dança, uma explosão de alegria...
Sorrisos, gritos, forte vibração, ritmo, harmonia...
Brilho, lantejoulas, confete, serpentina, suor, folia,
Cores vibrantes, plumas, adereços, e muita fantasia!
As emoções eclodem, perde-se a própria identidade;
Excitação à flor da pele, e flagrante sensualidade...
A música mesmeriza a todos, independente de idade,
E essa afável balbúrdia se espalha por toda a cidade!
Tudo é furor, rebuliço; som alucinante, tresloucado!
É impossível apreciar o espetáculo sisudo, centrado...
O corpo reage, balança, não há como ficar parado,
E o coração estronda no peito, em compasso ritmado!
Vai-se a noite, vem o dia, e a celeuma não esmorece;
Parece que a energia é infinda, e que jamais arrefece...
A cadência é animada, e cada vez mais nos apetece,
Pois a magia do momento só se agiganta, engrandece!
Porém, assim como começou, tudo de repente termina...
O esforço desmesurado nos vence, e o cansaço domina!
Vão-se os pândegos, baterias, as máscaras, purpurina,
Despede-se, acabrunhado, o folião de sua pantomina...
Por algum tempo, tudo foi troça, tudo foi brincadeira,
E nosso viver ganhou cor, luz, de forma alvissareira!
Voltou a realidade, contudo, sempre ardilosa, matreira,
E nosso devaneio transmutou-se em perene pasmaceira...
Santa Albertina/SP
-07-
Lança Perfume
Andrade Jorge
Tu me acenas com mil fantasias
lanças em mim perfumes de carnaval
tão volátil como as letras de tuas poesias
espargindo a flagrância do pecado carnal.
Nos teus enredos fui tantos,
herói, bandido, amante, amigo,
fiz as cenas de tua vida com restos de acalantos,
em tuas mãos virei adereço da desilusão de amor antigo.
O teu brilho é o brilho do cetim,
reflexo do falso brilhante que emite luz também,
assim é teu amor por mim:
magia no ar num carnaval de ninguém.
Diadema/SP
-08-
Carnaval ontem e hoje
José Maria de Jesus Raimundo Silva
Carnaval...
Quarenta e seis anos,
Conheci uma grande mulher.
Ontem...
Vinte e cinco de fevereiro,
Ao som das marchas carnavalescas,
Rodando o salão, encantei-me com seu sorriso,
Nasceu ali um amor.
Mil novecentos e setenta e quatro.
Ficou para sempre marcado em nossas vidas.
Nossa se união fortaleceu.
Noivamos, casamos, tivemos filhos e neto.
Uma história de amor onde os sonhos se tornam realidades.
Carnaval ontem e hoje.
Ela Maria José,
Eu José Maria.
Carnaval inesquecível, que há de ficar para sempre,
Gravado em nossos corações.
Varginha/MG
-09-
Carnaval
Audelina Macieira
Quarta feira de cinzas
Almas caídas na esquina
Restos mortais
rostos desiguais.
Na avenida um coração partido
Solidão,
Vem bailar comigo.
Carnaval ferida nas costas
Meu samba canção fracassado
Meu amor dilacerado.
O meu bloco em choro.
Triste máscara caída ao chão.
Salvador/BA
-10-
Bloco do Silêncio
Carlos Alberto Barreto

Salvador/BA
-11-
Amor de Carnaval
Negra Luz
Foram muitas serpentinas para laçar você
Confetes furta- cor eu não poupei
Abadás enfeitados várias vezes troquei
De pierrô mascarado me disfarcei
Com teu amor, meu pecado,
Me embriaguei
Foram 4 ou 5 dias que vivi o amor
Não economizei um só dia de emoção
Carnaval passaria, não o que vivi
A dor que eu sentiria foi que não previ
Só quando chegaram as cinzas e o seu adeus
Amor de Carnaval quem não sofreu?
Alguém lembrou que é a regra,
Quando o bloco passou?
Agora só restaria lembrar do amor
Ouvir a sinfonia da trilha que pulou
Até chegar o dia do novo bloco passar
Ou fazer do dia a dia o seu Carnaval
Ser a amante- foliã de um amor
Que seja eterno e dure até quando for.
Salvador/BA
-12-
Carnaval
Patrícia Ferreira dos Santos
Batuque
Axê
Frevo
O samba
Carnaval com sua sintonia
Que a todos encantam
Cada cidade com sua magia
Salvador
Recife
Rio de janeiro
Atraem turistas e fantasias
A fóbica tão famosa
História presente
Na casa da música
E na alegoria
Quem trouxe o carnaval?
Portugueses, índios, africanos?
Mistura de ritmos
Sintonias e encantos
O povo no embalo
Vai dançando
Desde quando?
Salvador/BA
-13-
Carnaval Ontem e Hoje
Fernando Alberto Salinas Couto
Ontem, confetes e serpentinas,
brincadeiras mais inocentes
tomavam as ruas e avenidas,
com blocos, em todas esquinas,
onde sambistas imponentes
alegravam todas nossas vidas.
Vidas que revelavam segredos,
da forma mais alegre possível.
Hoje estremecem entre medos
de uma maldade imprevisível.
Hoje a luxúria fala mais alto,
deixando uma folia maliciosa
tomar conta de todo asfalto,
com sua intensão perniciosa.
Lança-perfume só pra alegrar,
era usado em muitos salões...
Mas hoje serve pra intoxicar
a muitos malandros e foliões.
Ontem era mais pra crianças
que víamos tudo acontecer...
Hoje já não tenho esperanças
daqueles alegres dias reviver...
Rio de Janeiro/RJ - 11/02/20
-14-
Carnaval ontem e hoje
Deomídio Macêdo
A cidade de Guanambi, surgia no sudoeste da Bahia, como uma menina promissora e lá estava eu em frente a residência do meu avô, um tanto quanto admirado, vendo a movimentação dos rapazes e moças, com suas vestimentas e suas caricaturas carnavalescas, pulando ao som de marchinhas que me impressionavam a alma.
Os confetes de todas as cores estouravam no ar caindo sobre as cabeças dos participantes que sorriam e cantavam acompanhando a banda musical.
Os rapazes faziam "guerra" de lança perfumes e quando aquele líquido caia nos olhos ardiam tirando os oponentes de cena.
Naquela época os lança perfumes eram permitidos nos carnavais.
E dentro da casa do meu avô, visualizava o desfile de Carnaval, cheio de alegria, passando na rua 2 de julho na cidade que eu escolhi para nascer.
Hoje, só lembranças restam daquele tempo em que as pessoas brincavam sem medo de ser feliz
Salvador/BA
-15-
Máscaras
Cida Zanetti
Eis que chega o carnaval
Alegria de Momo nas ruas, capitais.
Quem sabe este ano encontro o que preciso
Diz a jovem solteira, mãe e com filhos.
Nos anos anteriores pensei tinha encontrado
Ele era tao lindo, falante e bem cuidado
Me entreguei por inteiro, pensando ter acertado
Ledo engano, o que veio...
Mas um filho e eu sem dono.
Todo carnaval escolho bem a fantasia
Como o nome já diz, posso ser quem eu imaginar
Pena que no dia seguinte, somente eu fico la
Com consequencias a reparar.
Estou chegando á conclusão
Que carnaval não é para mim, é so ilusão.
Mascaras sao personas criadas e usadas
Para que eu engane ao povão.
Mas eu engano a mim mesmo?
Pois não sustento a fantasia.
A noite pura alegria com um Pierrot idealizado
E de dia, não existe mais a Colombina.
Carnaval, festa das grandes ilusões
Tudo o que exalta a carne
Vai terminar com certeza
No dia seguinte ou no caixao.
Pois a carne perece, o espirito não.
Carnaval é passageiro, espirito inspiração.
O espirito é vida
A carne meio de ação.
Tire a mascara da ilusão
E aceite que es um ser infinito
Nos dias de carnaval
Faça o seu próprio “grito”
De liberdade, se assim o convier
De amor ao próximo, seja voce homem ou mulher
Pois teras um excelente período de carnaval
Evitando mascaras de dor, vivenciando verdade
E se puder, retire as mascaras do dia a dia
Para que possas ser voce mesmo
Mais bonito, mais inteiro
Expressão limpa, coração cheio.
Feliz Carnaval a todos
No retiro intimo do Ser
Ô abre alas para a consciência passar
No infinito “bloco” do renascer.
Itajaí/SC, 10/02/2020
-16-
Folia de Carnaval
Odilon Machado de Lourenço
Car-na-val
Três sons batidos nas palmas
Três batidas no pandeiro
Car-na-val
Samba com jeito de mar
Samba descendo do morro
Samba inundado de rua.
Porto Alegre/RS, 15-02-2020
-17-
Amor de Carnaval
Lourdes Ramos
Na euforia dos festejos da alegria
Ponho meu bloco contente na rua
E vou ao teu encontro como a Lua
Vestida de luar em minha fantasia
E tu travestido de Pierrô apaixonado
Vais a procurar a tua Colombina
E eu sonho com o meu mascarado
No enredo de confete e serpentina
E ao cruzarmos a mesma esquina
Deparamo-nos, em um de repente
Nos corações, brilhos de faiscante purpurina
Vivendo a magia deste carnaval
Nesta atração de corpo e mente
Definitivamente, viveremos um amor ancestral!
Rio de Janeiro/RJ
-18-
Carnaval na rua
Paulo Fardin
Meu palco é a rua, a avenida
Minha vida, minha alegoria
Minha fantasia magia
Meu enredo meu medo
Meu modo de me expressar
Nem pierrô, nem colombinas
Apenas a alegria de sonhar
Meu carnaval, minha rua
Onde o rei, ora Momo ora tolo, em desfile a reinar
Meu carnaval, minha paixão
Fé mestre sala a brilhar
Minhas passistas enfileiradas docilmente a sambar
Minhas baianas de tetas largas num bailado, a flutuar
Minha bateria um coração, numa precisa pulsação
Levanta o público
Repica a rima
E os fazem festejar
Meu carnaval
De blocos e escolas ensinando a sambar
Ricos e pobres
Multicolors, numa aquarela sem pressão igual
Festa do povo e da carne
Pelas ruas a passar
No canto o hino ou a marchinha traz a alegria de viver
Meu carnaval
Festa do povo
O meu mundo
Pra sonhar
Meu carnaval
Não morra nunca
Antes que eu me vá passar
Meu carnaval
Minha alegria
O meu axé meu saravá...
Bauru/SP
-19-
Carnaval de Salvador
Luciene Alves
Começa na Quinta-feira Com o Rei Momo abrindo a festa
Com o samba na Avenida
Para alegria da galera.
Na Sexta-feira tem Olodum
Com seu batuque original
O Pelourinho fica em festa
É o nosso Carnaval.
No sábado no Curuzu
É a noite da Beleza Negra
O Pioneiro dos blocos afros
O Ilê Ayê com a sua grandeza.
No Domingo tem os trios elétricos
Pelas ruas de Salvador
A libido corre solta
Rola muito beijo na boca.
A Segunda-feira é da mudança
O caminho leva ao Garcia
Muita irreverência e protestos
É o nosso Carnaval da alegria
Infelizmente chega a Terça-Feira
Último dia de Carnaval
Baianos e turistas começam a entristecer
Rezando para que o ano passe rápido
E o nosso Carnaval novamente acontecer.
Salvador/BA
-20-
Meu carnaval diferente
Vera Passos
Vou seguir o som do trio na avenida
Desfilar nas ruas enfeitadas com serpentinas
Meninos e MENINAS enchendo as praças de alegria e prazer
Eu quero a luta diária esquecer
Por dias e horas de lazer
Acordar o povo com o toque do timbal
Vestir a fantasia do varal
Embalada pelo sopro do carnaval
Por algum tempo esquecer a vida real
Cantar marchinhas que falem de amor
Viver a pipoca de Osmar e Dodô
Deixar ao longe a fome e o terror
Desfilar nas ruas de colombina e pierrô
Guerra só de confetes dos velhos carnavais
Abraçar nas praças os amigos virtuais
Lavar a alma dessa loucura dos dias atuais.
Brincar, sorrir, beijar, pular na Paz
Salvador/BA
-21-
Carnavais
Marina Martinez
Figuras distantes, esfumadas, invadem minhas lembranças. Colombinas, palhaços, pierrôs, vedetes, bailarinas, ciganas, fadas, melindrosas, confetes, lança-perfume, serpentinas. Grupos, com adereços elaborados, desfilam em avenidas várias, em cidades nem sempre maravilhosas. Ou em portos nem sempre alegres. As caras, pintadas. Os corpos, faceiros
Chiquinha Gonzaga pediu que abrissem alas, pois ela queria passar. Passou sim e entrou na nossa História, assim como os Piratas sem pernas de pau, nem olho de vidro. Às vezes, cara de mau. E os foliões diziam, cantando, que cachaça não era água, não. Água vinha do alambique, cachaça vinha do ribeirão.
Minha visão, já embaçada, procura a cabeleira do Zezé, ou Maria, com sua lata d’água na cabeça. Mesmo chegando o carnaval, na avenida ela não desfilou. E a outra Maria, a Bonita! Cansou de levantar cedo e ir fazer café. Ou envelheceu e desistiu de lutar. Distingo um arlequim deprimido, abraçado em um poste, esperando sei lá o quê. Talvez o malandro, que foi à Opera. Antes, ouvir “ei, você aí, me dá um dinheiro, aí” nos fazia rir e dançar. Hoje, causa pavor.
Temo perder essas lembranças para sempre, não mais encontrá-las. Entristecidas, como fotos esmaecidas e tecidos esgarçados, serão sepultadas num esquecido canto de gaveta.
Vou olhar desfiles na TV. Sem marchinhas, trocadas por sambas-enredo. Título adequado: alguns temas, às vezes, ficam enredados. Ou se transformam num samba do crioulo doido. Digo, samba do afro-descendente alucinado.
Mestres-sala, comissão de frente, baterias, ala das baianas, alegorias imensas, balançando perigosas, conduzindo pessoas em trajes sumários, às vezes, até sem eles. Cadência com hora marcada, não podem perder pontos na contagem para os prêmios. Sem cheiro de lança-perfume, sem chuva de confetes ou serpentinas. Odores? De latrinas, suor, sexo. De drogas também. Às vezes, corpos estendidos no chão atrapalham a caminhada dos foliões. O que aconteceu, agora? Câmeras, indiscretas, vasculham a rua. Uma bala perdida, sem ter o que fazer, descobriu o arlequim abraçado no poste..
Porto Alegre/RS
-22-
Carnaval
Sandra Lucia
Era somente eu e você
Sentados no banco da praça
Admirando nossas vidas
Ao longo da estrada...
Onde os sonhos se encontraram
Em meio às ilusões perdidas,
Erámos dois palhaços
Com o encanto que se chama - vida!
Naufragando nas lagrimas
De nosso próprio cotidiano
Nós buscamos
O horizonte que ofuscamos...
Esperando a banda passar e
A charanga chegar com alegria,
Música, confetes, serpentinas e fantasias.
Seguimos o curso da vida
Em nosso próprio ritmo.
Quando as lagrimas secaram
E o sorriso invadiu nosso instinto,
Nossas mãos se encontraram e seguimos
Na euforia do carnaval.
Salvador/BA
-23-
Meu carnaval
Roseli Farias
Dias de confetes e serpentinas, brilhos, blocos correndo pelos salões, máscaras e gritos de intensa alegria.
Beijos ardentes, quem sabe, somente no carnaval daqueles dias.
Corpos suados na festa das ilusões
Músicas contagiantes, alegres, vestimentas com brilhos, cor e alegria e dias para ser feliz.
Ah! Carnaval!
Inspiração com acordes, canções e sonhos de ser feliz!
Festa sem raizes no chão, momentos de pura alegria , festas e vestimentas lindas de purpurina, flores nas camisas e cabelos.
Fonte de tradição e povo feliz que eterniza os dias com amor e paixão.
Ei! Carnaval!
Dobram-se os tambores, cuícas e gente linda num ritual que, em dias de pura originalidade e também eu, a cantar, pular,
na magia de um tempo apaixonado, curtindo em outrora nas primaveras de meus verões.
São José/SC, 04.02,2020
-24-
Carnaval Ontem e Hoje
Joyce Lima Krischke

Balneário Camboriú/SC
-25-
Carnavais do Passado e Presente
Carlos Reinaldo de Souza
Os carnavais do passado
eram bem mais divertidos,
o folião encantado,
os blocos bem concorridos.
Tinha confetes, marchinhas,
muita alegria, então,
tinha Rei Momo e rainhas,
e desfiles com emoção.
Hoje, há muito improviso,
falta um tom natural,
faltam alegria e o sorriso,
nem parece um Carnaval.
Enfim, meu nobre amigo,
vou confessar a verdade,
a festa está em perigo,
é um Carnaval falsidade.
Tudo é falso e ruim,
pouco aparece de bom,
seja adulto ou curumim,
é muito fraco o som.
Então, a festa acabou,
ela perdeu o furor,
o povo já se cansou,
é um Carnaval sem amor.
Conselheiro Lafaiete/MG
-26-
Meu Carnaval Ontem e Hoje
Josue Ramiro Ramalho
Máscaras, Serpentinas, fantasias
Foliões, brincadeiras, todas sadias
Assim pulávamos o nosso carnaval
Todos levavam a brincadeira a sério
Apesar de haver tanto mistério
A festa era, assim para todos, igual
De lá, muitos anos já se passaram
Tudo mudou, as coisas nunca voltaram
Para manter a paz nos nossos carnavais
Bastavam sorrisos, amor e fantasias
Carnaval bom, faz o povo da Bahia
Que canta feliz e não esmorece jamais
Hoje, a violência quer estragar tudo
Devemos nos furtar e até seguir mudos
Para não sofrer mais c'essa parafernália
Os carnavais já estão comprometidos
Parei de brincar, até fiquei inibido
Nunca mais vou, vestir minha mortália.
Salvador/BA
-27-
Lembranças - Madrugada de Carnaval
Joyce Lima Krischke

Balneário Camboriú/SC
-28-
Carnaval
AC de Paula
Jesus preto é heresia,
contraria o combinado?
Mas dizem que ele dizia,
"vinde a mim quem
está cansado;"!
E o povo branco ou preto
cansado no dia a dia,
de ver tanto sofrimento,
desmandos e hipocrisia!
Eu vi muita juventude,
tinha idoso e criança,
tinha um povo sofrido
que não perde a esperança,
tinha sonhos na avenida,
tamborim, surdo, pandeiro,
realidade colorida,
tinha um Jesus brasileiro!
São Paulo/SP
-29-
Carnaval Ontem e Hoje
Sílvia Benedetti
Como acontece e é normal, tudo muda, se transforma e muitas vezes evolui, embora deixando algumas vezes... saudade.
Neste período do ano, temos como evento mais importante, o CARNAVAL, que já não é o mesmo de "ontem" neste, hoje célere e dinâmico.
Ontem, o CARNAVAL era uma festa do povo e para o povo! Grupos se organizavam, criavam uma fantasia e saiam a sambar pelas ruas, acompanhados por alguns músicos ou simplesmente aproveitando o som emitido por um alto falante colocado em um coreto. HOJE, até por razões de segurança , os clubes absorveram grande parte do carnaval de rua, que só persistem nas cidades maiores.
Ontem, as brincadeiras eram outras, é a alegria por certo maior e mais descontraída.
Carnaval a meu ver, deveria ser festa sadia, sem excessos, sem exageros... entretanto nem todos agem assim! Não sabem limitar nem diferenciar ... e deixam cair máscaras usadas no próprio cotidiano, mostrando como são na realidade... dando largas ao " outro" que ocultam com arte e sutileza.
Carnaval, uma festa popular,reinado de alegria onde no ritmo da música contagiante, TODOS deveriam se divertir , cantar e dançar sem no entanto se perderem do belo e do bom , do honesto e do moral.
Porto Alegre/RS
-30-
Carnaval Ontem & Hoje
Cardoso/2020
Carnaval de outrora
Grande lição de cultura
O Jegue alegórico
Pierrôs e as Colombinas
Atabaque e agogô
Cuíca e cavaquinho
Fazendo o chão tremer
Gargalhadas de alegria
Os Cão de Fecha Beco
Assassinos da Tristeza
Filhos de Jacó e Bina
E os Amigos do Braz
Confetes e Serpentinas
Fantasia e Adereços
O medo só se tinha
Das caretas na folia
New carnaval
Toca grana e violência
Abadás e os camarotes
Pipoca pobre sem trio
O samba agora é reggae
Machinhas se curvaram
Pelo grude do chiclete
Foliões paralisados
Os filhos de Gandhi
Tapete branco da Paz
Micareta de Jacobina
Pioneira do Brasil
Salvador/BA
-31-
O Carnaval de Hoje
Diná Fernandes
É chegado o carnaval, é tempo de folia
agitam-se os tambores e também os corações.
No ar, paira a euforia, a alegria dos três dias.
Hoje não tem serpentina,
nem confete nem colombina,
tem sexo explícito, droga e violência
e como resultante,
gravidez precoce
e crianças sem pai presente.
Não sou uma doente do pé,
e reconheço que é a festa da magia,
que hoje só traz agonia
a quem em casa o folião espera.
Como eu gosto da minha vida
tenho dever de por ela zelar,
e para o folião
deixo o meu recado.
Nunca me expus à multidões,
confesso que sinto um aperto no coração
pensando no folião que ali no meio do povão
possa ter sua vida ceifada
por pura maldade de pessoas
que ali estão com o objetivo de praticar a maldade.
Outro detalhe;
Você que trabalhou o ano inteiro
pensando na gostosa folia,
é bom muito cuidado tomar,
podes sambar à vontade,
sua bebida tomar,
só não pegue a direção,
pois a fatalidade pode com sua vida acabar.
Cabedelo/PB
-32-
A cadência da paz no samba
Akasha De Lioncourt
Na cadência bonita de um samba,
Entreguei meu pobre coração.
Encontrei no batuque do tambor,
A paz, que não havia lá, não.
Aquele som alegre, repleto de cores e vida,
Alegrou minha alma, há tanto tempo empedernida.
Descobri que é possível reacender a apatia,
Buscando dentro de nós a tão sonhada alegria.
Não precisamos de muito para sermos felizes,
Tampouco de outrem para nos completarmos.
Um som, uma cor, um sorriso, a gentileza,
Pode nos trazer um universo cheio de beleza.
A paz anda de mãos dadas com o amor,
Estão intimamente ligados por tênues fios.
E ambos podem ser distribuídos sem medo,
Pois crescerão cada vez mais pelo caminho.
São Paulo/SP
-33-
Baile de Máscaras
Akasha De Lioncourt
O carnaval de antigamente
Tinha uma magia diferente.
O Pierrot sempre tristonho,
Cuja paixão é escondida,
Retrato fiel da inocência,
Que em sua loucura o desafia.
Arlequim tão colorido,
Em busca do amor perfeito,
Enamorou-se de uma serva,
Sua tão sonhada Colombina.
Hoje, ninguém mais se recorda,
Das marchinhas de antigamente.
Aquela que sempre se canta,
Pro Arlequim ficar contente.
O confete e a serpentina,
Nem sempre estão presentes.
Em algumas rodas circula,
Um alucinógeno diferente.
A festa é pagã, já sabemos,
Mas tem seu significado,
Nascida na Grécia, era um tributo
Aos deuses tão idolatrados.
Agradecia-se pela fertilidade
E a produção desse rico solo.
Colheitas que alimentavam
A um povo que deixou seu legado.
Não deixem a festa acabar,
Não deixem a música morrer.
Com paz e muita alegria,
Saudemos o amanhecer.
Depois do baile de máscaras.
Voltemos ao que devemos ser.
São Paulo/SP
-34-
Lembranças do Primeiro Carnaval
Josue Ramiro Ramalho
As vezes eu penso em voltar para minha terra natal e lá passar todos os carnavais do resto de minha vida. Foi lá, na cidade de Penedo Alagoas que tive conhecimento do que era o carnaval. E quem me explicou direitinho foi uma vizinha que devia ter mais ou menos onze anos de idade. Estava eu com oito anos e brincava sozinho no quintal de casa quando ouvi barulho vindo da porta da frente. Naquele tempo, principalmente nas pequenas cidades do interior nordestino, as crianças eram muito mais ingênuas. E eu era mesmo um bobão. Ao ouvir aquele barulho saí correndo em direção a porta da rua. Mas ao chegar lá, percebi que, apesar da parte de cima estar aberta, a parte de baixo estava trancada e minha vista não alcançava a rua. Era sempre assim: a porta era dividida ao meio, abriam a parte de cima para correr a ventilação e quando não queriam que as crianças saíssem sozinhas, trancavam a parte de baixo. Assim ocorreu me deixando frustrado. Mas logo fui a cozinha, peguei uma panela de alumínio grande e coloquei junto a porta subindo e alcançando tudo que se passava na rua. Um grupo de mascarados tocando diversos instrumentos cantavam uma música assim: Olha o boi da cara preta / Olha o boi da cara preta / Cuidado com Valdemar / Tá dando o que falar / Comeu carne de boi e falou fino / E deu pra se requebrar / Mas que azar! E logo depois essa outra: Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta. Eis que um daqueles mascarados, percebendo minha curiosidade, de repente, veio em minha direção me causando tanto pavor que caí da panela e fiquei esparramado no chão. Mas a queda não foi nada; O pior mesmo foi ver aquela cara medonha chegar até a porta e me olhar. Num instante corri em direção ao quintal em polvorosa me escondendo atrás de uma jaqueira. Dali podia observar os movimentos e chorar a vontade o que fiz em seguida. Depois de algum tempo, ainda em panico, chorando e atento aos movimentos no corredor da casa, observei que uma garota de onze anos, vizinha, abriu um buraco na cerca e entrou para me consolar. Foi então que conheci Ana Lúcia. Uma garota linda de olhos castanhos e cabelos pretos um pouco maior que eu. Ela entrou e veio em minha direção tentando aliviar o panico que eu me encontrava. Me consolou mesmo e logo pegou em minha mão me levando até a porta da frente onde pode provar que não existia mais ninguém por ali. Então me explicou que estávamos em pleno carnaval, que ninguém queria fazer mal algum, que todas as cidades ficavam em festa e grande parte da população entrava no clima momesco para se divertirem. E conseguiu me convencer que o carnaval era uma festa popular. Passei a compreender melhor e foi assim o primeiro carnaval que tomei ciência na vida. Foi também o carnaval que me deixou recordações divididas.
Salvador/BA
-35-
Delírios Na Castro Alves
Malú Ferreira

Salvador/BA
-36-
Histórias de Carnaval
Eda Bridi
Ontem menina-moça tentava ser poeta
Rabiscava versos de carnaval
Ó Abre Alas
Cantam os foliões no salão
Tamborins, confetes, serpentinas
É alegria! É animação!
Ó Abre Alas
Que o Rei Momo vai passar
E a Rainha com paetês e purpurinas
O carnaval vai festejar!
Ó Abre Alas
Que eu quero passar canta o Pierrô gentil
E abre alas para a Colombina!
Ó Abre Alas
Vem o Bloco do Funil
Dos Piratas, das Rumbeiras, das Castanholas
Ó Abre Alas
Que a marchinha a Orquestra vai tocar
Todos dançam no compasso
Até o dia clarear
Hoje, octogenária, desfilo no Carnaval pela Avenida
Entre Magos da Palavra
Samba-enredo da Escola Mocidade Independente
Canta a história do Jornal Gazeta da Serra
e Rádio Gazeta FM 98.1
No refrão
Sou Mocidade Independente
Vera Cruz minha paixão
Tá na banca o jornal
Tá na rádio do povão
Gazeta é informação.
Sobradinnho/RS
PARTICIPAÇÕES TEMA LIVRE
-01-
Casa - amor - felicidade - compaixão - solidariedade
Paulo Fardin
Deixei minha casa a procura do que nem sei
De que talvez nem precise, mas deixei
Sai a busca do que por si só não consigo ter
Sai a busca do que preciso ter
Busco a compaixão ora esquecida
Busco o amor de uma vida perdida
Me solidarizo com meu sofrer
Da solidariedade que tive mas agora perdi
Busco a felicidade sonhada
Busco uma casa
Um teto e mais nada
Busco o que acredito querer
Compaixão, felicidade, solidariedade, quem sabe
Talvez busque então encontre nada
Talvez encontre o que não quero o que não precise encontrar
Busco uma casa
Um colo quem sabe
Um amor
Uma afago
Um sorriso e mais nada....
Bauru/SP
-02-
Tempo - serpentear - pés - bálsamo - viagem
Paulo Fardin
Dei tempo pro tempo tentar me falar
Dei tempo pro tempo parar de passar
Como víbora ele sempre volta a voltar
Sepenteando meus passos me faz tropeçar
Meus pés calejados feridos a sangrar
Não desistem do tempo que me faz viajar
Nessa viagem tão louca me deixo levar
Num bálsamo que cura me refresco em seu olhar
E me lembro só tempo que me fazia sonhar
Agora rodopio, ziguizagueando sem ter onde aportar
Minhas viagens são findas no meu simples pensar
Do tempo passado
Dos pés calejados
Das viagens findas
Do nada restado
De um tempo que nunca mais vai voltar....
Bauru/SP
-03-
Amor - esperança - vida - saudade - fé
Paulo Fardin
Que saudade de nós
Que como crianças singelas e puras
Correios nas ruas, nas vielas da vila
Que saudade da esperança que tínhamos
De sermos astronautas, e poder voar
Que saudade danada daquela pureza infantil
De sermos apenas eu e você
Que fazer m nós levamos!
Onde erramos?
Onde estamos?
E o que nos restou?
Duas crianças crescidas.
Duas almas perdidas que a vida mudou.
A fé que me resta, pois não sei em que crê
Me faz esperar que nas curvas da estrada quem sabe naquelas vielas
Um dia ainda nos vamos falar...
Bauru/SP
-04-
Alvorada Do Amor
Edy Simão
O amor invadiu os meus versos
Na busca por metáforas
Que meu coração não consegue encontrar
Veio pintar de cores vivas
Os meus dias cinzentos
Invadiu minha poesia
Olhos de mulher cruzando meu olhar
Sentimento abscôndito
Que na palma da mão não se pode guardar
Força abstrata que invadiu minha alma
Que na seara dessa vida
Não se pode olvidar
Conselheiro Lafaiete/MG
-05-
Pedras - rios - mar - areia - sol
Paulo Fardin
Como em rios tortuosos fomos nos esgueirando
Como mares bravios nos defrontamos
Como águas batendo em duras pedras nós deixamos viver
Para que?
Por que?
Por qual razão?
Nossos sonhos e desejos como areia fina escorreram por nossas mãos
Nossos rostos queimados e marcados pelo mesmo sol que um dia nos aqueceu
Nossas vidas navegaram por correntes que fizemos que nunca iríamos cruzar
Pobres planos...
Todos eles naufragados nesse mar que criamos
Num terreno arenoso que nós mesmos esificamos
Pobres sonhos
Podres planos
Triste vida com a qual nós afundamos.....
Bauru/SP
-06-
Ondas - sonhos - paz - amor - azul
Paulo Fardin
Num céu azul límpido de brigadeiro
Na paz tão suave como o lugar de uma criança
Repouso agora
Em devaneios dos meus sonhos
Doce paz aquela que me trás a lembrança
Do seu sorriso e seu abraço
Do seu perfume que por tantas vezes me deixei embriagar
Do amor que jamais pensei amar
Sua brisa que me refresca me fazendo lembrar da sua pele
Do seu toque tão sútil
Da tua boca tão febril
Nesse céu tão azul
Nesses sonhos tão secretos
Nessas ondas navegando
Para em teus braços repousar....
Bauru/SP
-07-
Natureza - paixão - carinho - felicidade - saudades
Paulo Fardin
Hoje me peguei nostálgico
Num ter meio mágico, meio trapezista
Um saltimbanco, um artista
Hoje eu lembrei daquela tempo
Daquela música, daquela paixão
Hoje eu queria poder sentir aquele carinho que me embalava nos sonhos
Aquele olhar que me fazia feliz
Hoje eu queria de novo brilhar no palco da vida
Externar o que minha alma retrai
Se xad a saudade de.lado e ficar do teu lado outra vez
Pelo menos mais uma vez
Do saltimbanco de rua
O artista do palco
Sobrou apenas minha natureza
Meu ego e meu nada
Minha paixão agora morta está!
Minha felicidade em ruínas
E no palco da rua resta apenas o artista
Que com sua arte adormece
Na esperança de receber da plateia
Um afago
Um carinho
Um aplauso
Um suspiro
E antes que as cortinas da noite se fechem
Talvez por milagre
Talvez por apenas
Reencontre a felicidade
Redescubra a paixão de simplesmente viver....
Bauru/SP
-08-
Lar, cumplicidade, companheirismo,amizade e perseverança
Paulo Fardin
Enveredei meus passos por planícies e campinas
Embranhei meus desejos em sentidos dialexos
Ocultei minha cumplicidade por mera diversão
Perseverei nessa história simplesmente por você
Nosso lar ora de cristal
Eu quebrei por puro prazer
Companheirismo tão precioso eu desfiz por mero orgulho
Porém agora me pergunto por qual razão assim o fiz?
Porém agora eu vejo tudo aquilo que me dói...
Tudo aquilo que me sufoca e me asfixia
Nossa amizade tão querida, agora chora , agora vazia
Tolo eu fui em assim agir
Tolo fui em assim querer
Top fui, simplesmente por tolo ser
Me desculpe
Me perdoe
Me esbofete se quiser
Não se cumplicie desse fardo
Não se deixe macular
Deixe só com meu pesar...
Vá agora sem remédio
E sem culpa
Me deixe só
Com meu pesar....
Bauru/SP
-09-
Consciência, Gratidão, Escutar, Abraçar e Compartilhar!
Paulo Fardin
Sou grato por tua consciência
Em ser grato por me escutar
Sou grato pelo simples fato de poder compartilhar
Sou grato por teu abraço e poder te abraçar
Mas sou grato pelo grito quente ajuda a gritar
Sou grato pelo fato de querer me abraçar
Pelo grito que não se cansa de quer me escutar
Porém sou grato pela gratidão que tu me dá
Porém eu sou mais grato pela consciência de compartilhar
Eu também sou grato pelo fato dessa causa abraçar
Sou grato pelo fato que de fato eu possa agradar
Mas a consciência é a essência de poder compartilhar
E só compartilhar quem quiser me escutar
Quem quiser me dar uma abraço que dê um Paso pra escutar
E quem escute, que então lute pela gratidão de compartilhar
Quer de dores
Quer de amores
Escute,
Compartilhe,
Abrace,
Só não deixe de....
Bauru/SP
-10-
A lua lá por trás do manto negro
Sérgio, Beija-flor-poeta
A lua lá por trás do manto negro
Tanto se espreguiça, como dorme
E o vento torna-se brisa no arvoredo
O banzeiro beija-te no mar do norte
A lua sob o manto dos teus beijos
Anuncia o chegar da minha morte
Sangrando no meu lado esquerdo
Que num die gemido a voz se corte
A lua lá por baixo da terra escura
Murmura no pé da orelha já nua
Flutua em marés de amor - ternura
Creatura virgem, toda mulher e pura
Aguça a fome da alma gêmea: a tua
Formosura pepita em noites de lua.
Sergio, beija-flor-poeta
Para Waldene
Munique, 05 de fevereiro de 2020
Às 16:16 horas
-11-
Sim, somos diferentes!
David de Carvalho
Sim, eu sou diferente de você,
Tenho outra cor, outra crença,
Outros valores culturais e
Outras escolhas.
Sim, eu sou diferente de você,
Sou de outra casa, família e bairro,
Sou de outra cidade, região e país e,
Ainda assim, sou seu e de lugar nenhum.
Sim, eu sou diferente de você,
Tenho outro sexo, outra sexualidade,
Outros desejos, outros sonhos e
Outras formas de nos ver.
Sim, eu sou diferente de você,
Mas, não sou seu antagonista,
Sou apenas seu complemento,
Uma outra metade insabida.
Sim, eu sou diferente de você,
Mas, ainda assim, o que olhas em mim
É apenas o reflexo de você,
Algo que não consegues entender.
Sabe, para além das palavras
Do seu, do meu discurso
Esconde-se sempre um algo-a-mais,
Uma fala abafada que não conseguimos decifrar.
Um outro dizer que não cabem nas palavras,
Encobrindo-se no deslizar afetivo
Dos nossos significantes
Que se calam no fundo do peito.
Enfim, sim, somos diferentes, porém, iguais e,
O que impede nossos olhares se cruzarem,
Nossas almas se amarem, se respeitarem e compreenderem [...]
São os reais significados encobertos em nossos dizeres.
Salvador/BA
-12-
Tecido no tempo
David de Carvalho
Ao abrirmos a janela,
Deixamos a luz entrar.
Eu sei que você não entende,
Mas, tudo que está lá fora
Também cabe aqui dentro e,
Ainda assim,
Nada cabe em nossas mãos!
Que podemos fazer,
Além de abrir a janela e
Deixar tudo entrar?
Na vida apenas ouvimos sussurros de vento,
E não sabemos ao certo o que fazer,
Ele passa por nossa face
E se esvai sem conseguirmos tocá-lo.
E nada mais cabe em nossas mãos!
E o que faremos no tempo,
Se tudo se esvai
E nada podemos reter?
Olhe, o tempo faz linhas no rosto,
Deixando as marcas que vemos na face,
São as leituras das estradas
Que passam entre os vales,
Onde nada cabe em nossas mãos!
O que faremos,
Ao ver as marcas e
O vento passar?
Eu sei, você não entende,
Mas, as vezes queremos nos libertar,
Correr, voar com o vento,
Soprar em todas as direções,
E sempre voltarmos ao mesmo ponto,
Pois, nada cabe em nossas mãos!
E o que faremos,
Ao soprar e a
Voltar como o vento?
Eu sei, muitas vezes olhamos
E não vemos os anjos,
Eles passam com o vento sobre o telhado.
Eu sei, você não entende,
Mas, cá dentro sopra como o espelho de lá e,
Nada cabe em nossas mãos!
E o que faremos, pois,
O vento sopra e
Os anjos continuam a passar?
Veja, tecemos a vida como o vento a passar,
Com linhas feitas de sonhos
Que emergem no tecido do tempo,
Criando as formas e soprando.
São nossos anjos sobre o telhado,
E nada mais cabe em nossas mãos!
E o que faremos
Com as linhas do tempo, pois,
Nos sonhos continuamos a tecer?
Eu sei, você não entende,
E mais ninguém entende, mas,
Ainda assim, todos seguimos
Tecendo como o vento no tempo.
Olhe, as folhas estão balançando,
É a chuva que está para chegar,
São os anjos passando com o vento e,
O que faremos,
Se a chuva, as folhas caem e,
Nada cabe em nossas mãos?
Salvador/BA
-13-
Doce Abismo
Márcio Antonio Passos Della-Cella
Devassei a fonte da ínfima panaceia,
Nutriz infértil que nem sequer acalma
A vertigem das fibras de minh’alma
E a volúpia de uma tempestuosa ideia.
O nascedouro dos encantos de Medéia,
Absorto, remido, assentindo a calma...
Matei-o por assemelhar-se ao trauma
Da ignomínia de uma paixão plebeia.
Ofuscou-me a relíquia de ignota ânsia,
Com a bestialidade e a dissonância
Imortalizadas no filho infecundo.
Mas revivendo uma antífona triste
Elucubrei todo o amor que existe
No sofrimento inefável do Mundo.
Ubaíra/BA
-14-
A Beleza
Roseli Farias
A beleza...
Está nas inspirações das canções, no voo das gaivotas
A beleza está no olhar sincero, no sorriso verdadeiro, na espera do encontro marcado e no abraço saudoso.
Está no sentido da vida e viver.
No amor, nas sementes e no grão, no
chorar de felicidade no colorido das aves.
A beleza está no cantar de uma cotovia , num coração apaixonado!
No nascer do sol e no seu poente!
Na alegria e no sorriso de uma criança.
Em mim, em você e no fluir único do amor.
São José/SC
-15-
O Oleiro
Roseli Farias

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