PARTICIPANTES DA 146ª CIRANDA – CAPPAZ – TRADIÇÕES DA CULTURA BRASILEIRA – JUNHO 2021
1. Antônio Luiz Moreira de Oliveira (23)
2. Conceição Ferreira (11)
3. Deomidio Macedo – Abertura
4. Deomídio Macedo (24)
5. Dido Oliveira (05)
6. Eda Bridi (30)
7. Fátima Peixoto (17)
8. Giba Peixoto (13)
9. Helder Roque (26)
10. Hélio Cabral Filho (14)
11. Sílvia Benedetti – Encerramento
12. JJ. Oliveira Gonçalves (27)
13. José Maria Raimundo Silva (10)
14. Josias Alcântara (01)
15. Joyce Lima Krischke (22)
16. Leonardo Andreh (08)
17. Lorena Boing (12)
18. Lúcia Silva (31)
19. Marina Martinez (04)
20. Mirian Arceno Rocha (21)
21. Neneca Barbosa (25)
22. Negra Luz (18)
23. Odilon Machado de Lourenço (07)
24. Patrícia Ferreira dos Santos (06)
25. Roseleide Farias (28)
26. Roseli Farias (09)
27. Roselia Bezerra (03)
28. Sandra Lúcia (19)
29. Salomé Pires (16)
30. Sílvia Silva Benedetti (15)
31. Valter Bitencourt Júnior (02)
32. Vânia Vinhas Cardoso (29)
33. Vera Passos (20)
01
A QUADRILHA CULTURAL
Josias Alcantara
Eu nasci neste Brasil
Berço e esteio em meu destino,
povo de amor, que se uniu
Ao meu coração menino.
Solo amado, varonil
Cantado ele se faz hino
E neste verso vestiu
Minha fé sem desatino,
E qual só crê na quadrilha
Junho, julho, sem guerrilha,
Neste Brasil cultural.
Que abraça o pai, mãe, filha,
Ninguém se perde ou se humilha,
Por fazer-se um povo igual.
02
Maravilha
Valter Bitencourt Júnior
Desejo alegrias a todos
Neste mundo que derrama
Sangue tão negro.
Desejo as sete maravilhas,
Para ver o seu sorriso
De acalanto.
Desejo sorte, para ressuscitar
Os seus olhos distantes,
Que não querem enxergar
O belo.
Desejo o progredir, o amém,
Para você...
Porque sei que é preciso
Amar a si mesmo,
Amar a vida,
E erguer uma bandeira
Na amplidão.
03
TRADIÇÕES DA CULTURA BRASILEIRA
Roselia Bezerra
Chegou o mês dos grandes festejos,
Animados para valer nos lugarejos.
O povo fica tão fogoso, com alegria
A esbanjar mesmo numa Pandemia.
Arranja jeito de festejar, com cuidado,
Tempo de vírus, tudo muito desolado.
Em seu núcleo familiar, festa em casa,
Pelo prazer de reunir, antes na praça.
Santo Antônio, São João e São Pedro,
Três oportunidades de animar. Cedro
Sobe com cuidado a não escorregar,
Pula fogueira todo alegre a arriscar.
Quitutes saborosos, doces e quentão,
Forró bão, sanfona rola, ri o coração.
Salve os santos juninos e protetores,
roguem por nós nossos intercessores.
04
CARNAVAIS
Marina Martinez
Figuras distantes, esfumadas, invadem minhas lembranças. Colombinas, palhaços, pierrôs, vedetes, bailarinas, ciganas, fadas, melindrosas, confetes, lança-perfume, serpentinas. Grupos, com adereços elaborados, desfilam em avenidas várias, em cidades nem sempre maravilhosas. Ou em portos nem sempre alegres. As caras, pintadas. Os corpos, faceiros
Chiquinha Gonzaga pediu que abrissem alas, pois ela queria passar. Passou sim e entrou na nossa História, assim como os Piratas sem pernas de pau, nem olho de vidro. Às vezes, cara de mau. E os foliões diziam, cantando, que cachaça não era água, não. Água vinha do alambique, cachaça vinha do ribeirão.
Minha visão, já embaçada, procura a cabeleira do Zezé, ou Maria, com sua lata d’água na cabeça. Mesmo chegando o carnaval, na avenida ela não desfilou. E a outra Maria, a Bonita! Cansou de levantar cedo e ir fazer café. Ou envelheceu e desistiu de lutar. Distingo um arlequim deprimido, abraçado em um poste, esperando sei lá o quê. Talvez o malandro, que foi à Opera. Antes, ouvir “ei, você aí, me dá um dinheiro, aí” nos fazia rir e dançar. Hoje, causa pavor.
Temo perder essas lembranças para sempre, não mais encontrá-las. Entristecidas, como fotos esmaecidas e tecidos esgarçados, serão sepultadas num esquecido canto de gaveta.
Vou olhar desfiles na TV. Sem marchinhas, trocadas por sambas-enredo. Título adequado: alguns temas, às vezes, ficam enredados. Ou se transformam num samba do crioulo doido. Digo, samba do afro-descendente alucinado.
Mestres-sala, comissão de frente, baterias, ala das baianas, alegorias imensas, balançando perigosas, conduzindo pessoas em trajes sumários, às vezes, até sem eles. Cadência com hora marcada, não podem perder pontos na contagem para os prêmios. Sem cheiro de lança-perfume, sem chuva de confetes ou serpentinas. Odores? De latrinas, suor, sexo. De drogas também. Às vezes, corpos estendidos no chão atrapalham a caminhada dos foliões. O que aconteceu, agora? Câmeras, indiscretas, vasculham a rua. Uma bala perdida, sem ter o que fazer, descobriu o arlequim abraçado no poste.
05
FOR ALL – FORRÓ
Dido Oliveira
Uma tradição, das mais importantes no cenário brasileiro, sem dúvida, é o forró, principalmente nesse mês, junho. O Brasil incorporou essa tradição de festejar São João, sendo o dia 24, o dia do seu nascimento. São João Batista foi o santo que previu o nascimento de Cristo, e ainda, o batizou! - quanta alegria! O santo festeiro, é assim que ele é comemorado, com danças, comidas típicas - iguarias de várias regiões. O Forró foi espargindo esse sentimento, essa vontade de comemorar esse período marcante.
Para todos, em Inglês - quem diria, é o nosso forró.
Nordestino menino,
querendo ainda correr pelos quatro cantos
dessa casa-planeta,
planeta globalizado, minimizado virtualmente,
no coração que pressente a explosão da festa crescente.
Paris, New York, Tóquio, Londres, Sidney, Luxemburgo...
Um luxo esse "for ALL",
Forró para todos!
Vamos, meu povo, dançar, cantar, festejar o nosso, eterno jovem, FORRÓ - Com as bênçãos de São João Batista.
06
DIVERSIDADE BRASIL
Patrícia Ferreira dos Santos
O Brasil é rico
Em diversidade humana
Vegetal
E atlântica
Tropical
E florido
Grande e bonito
Diferentes etnias
Asiáticos
Portugueses
Africanos
Italianos
Espanhóis
Alemães
Florestas e matas
Um verde que arrasa
É uma lindeza meu país
Não troco ele por nada
Sou feliz por ser Brasil
Minha beleza e raiz
07
Tradições
Odilon Machado de Lourenço
Então as pessoas dançam
Fazem fogo, se divertem
Surgiu em algum momento
a vontade de juntar-se
As pessoas vão pras ruas
Os bairros todos se enchem
As cidades se transformam
Suspendem-se as bandeirinhas
Alegram-se as regiões
Tem as canções nas guitarras,
flautas, tambores, violões...
Tem a fé que vai mesclando
as preces nas amplidões
Desde os rincões mais distantes
De naturezas distintas nasce luz,
nasce poesia, se criam as tradições
Então as pessoas dançam
Fazem fogo, se divertem
Se nutrem das tradições.
08
CASINHA NA ROÇA
Leonardo Andreh
Minha casa lá na roça é uma casa de sapé
No quintal crio galinhas e plantei pé de café
Minha casa é tão bonita, fica perto de um rio
Tem goiaba e tem laranja, coisa melhor nunca se viu
Ai, ai, ai, tem vaquinha no curral
Tem cavalo e passarinhos, minha casa é tão legal
09
A CULTURA BRASILEIRA
Roseli Farias
A cultura é diversa e vasta.
Hábitos de povos influentes e grandes colonizações,
Na música, culinária e carnaval.
O sincretismo religioso
A colonização europeia
Os nossos engenhos
Os sertanejos, raiz que conta a vida no campo.
A literatura de cordel no Nordeste
A vida gaúcha dos povos do Sul
Quanta diversidade e costumes.
A cultura indígena
Os nordestinos e os serrados com seus pequis
As práticas religiosas, a capoeira e o frevo marcam nossos descendentes.
As festas julhinas e o carnaval
País rico que semeia as tradições e também a desigualdade social.
Salve nossos ancestrais.
10
MINAS GERAIS - CULTURA BRASILEIRA
José Maria de Jesus Raimundo Silva
Minas têm...
Casarões, cidades históricas e histórias,
Pão de queijo, cachaça e queijos tradicionais.
Folias de Reis anunciando a chegada do Menino Jesus.
Carnaval que arrasta multidões, com cores e samba.
Cavalhada nos remete as batalhas medievais,
Entre Mouros e Cristãos.
Congada lembra a coroação do Rei do Congo.
Encomendações das almas, tradição católica oriunda de Portugal.
Festa do Divino transmite fé, amor e paz.
Festa do Rosário devoção atribuída ao ex-escravo Chico Rei,
Borra de café, cal e outros materiais, cobrem as ruas.
Os fiéis seguem o Ostensório,
Orando com fé e esperança.
11
O SÃO JOÃO AVANÇADO DE PEDRINHO.
Conceição Ferreira
Fui passar o São João no interior. Levei meu neto Pedrinho. ativo como é, descansou coco, descansou milho...
Foi escolhido para ser o noivo, fazendo pra com Mariazinha. Aceitou prontamente.
Preparamos roupa o para o casório: chapéu de palha rasgado, lenço vermelho para o pescoço, outro para o bolso da camisa xadrez também vermelha, calça jeans com remendos estampados na altura dos joelhos, meias brancas e sapatos de couro cru.
As costeletas e o bigode bem pintados com carvão.
Pedrinho empanturrou-se de laranja, canjica, e pamonha de milho, bolo de aipim, Carimã e Uatumã, milho assado na brasa e na palha, arroz doce, amendoim... queria até beber licor de genipapo!!! Não permiti. Lembrei- lhe que só tinha nove anos. Ofereci doce de jenipapo.
Ao redor da fogueira, ele soltou busca-pé, traque, bombinhas, pulou fogueira com Joana dançou forró e encantou-se com a quadrilha, pois só conhecia pela televisão!
Assustou-se com o estrondo do rojão. Enfim, chegou a hora do casório!
Mariazinha, apesar da gravidez em evidência, estava linda! O vestido bem florido, rodado, cheio de babados e abaixo dos joelhos. Duas tranças com laços de fita cetim branco, véu caudaloso, passadeira florida e a maquiagem no padrão joanino.
Bem o padre fez o casório. Então, ouviu -se o tradicional viva os noivos! E quando o Frei disse: - Pode beijar o rosto da menina, Pedrinho olhou de soslaio para o padre e... tascou aquele beijo na boca de Mariazinha, deixando todos os presentes boquiabertos, espantados...
12
VIVA SAO JOÃO.
Lorena Boing
São João
Que noite fria!
Nãoooooooo!
São João tem uma gaita e os anjos tocam com ela.
Na fogueira há brincadeiras deixando todos com amor e alegria no coração.
Tem paçoca, tem pinhão e um baita quentão que balança a multidão.
São João com o céu estrelado ilumina a festança e, tooodo o seu povo amado dança, dança, na noite de São João, doces e alegrias de uma festa cheia de emoção.
Viiiva São João!
13
VIVA SÃO JOÃO
Giba Peixoto
Os demais criadores das nossas cantigas de roda
Tornaram-se marcas das festividades do nosso SÃO JOÃO
Nos enchendo de amor e formosura, quando acorda
Com o arrastar da chinela, da dança, do xote, xaxado e Baião
Heictha festa bonita, pra lá de boa e arretada
Tem de tudo, amor, sotaque, música, dança e muita comida
Fora a beleza da paisagem que observamos na estrada
Tem, pamonha, canjica, milho verde, e o povo bom que nos dá guarida
Fogueira, fogos, balão e muita gente fazendo adivinhação
Os pares que se formam quadrilha e saem no arraial dançado
Verdadeiro momento de louvor ao Santo, em uma singela comunhão
E aqueles que dançam e assistem, em uma só vós agradecem cantando.
VIVA SÃO JOÃO
14
MEUS BALÕES
Hélio Cabral Filho
Preparo meus balões com muito zelo;
Escolho a boa seda em lindas cores;
Mensagens, fitas, lanterninhas, flores...
Na bucha, um fogo apaixonado e belo.
Disponho, gomo a gomo, com os primores,
Da minha inspiração, do meu desvelo;
Esquadro, arrumo, aprumo e emparelho;
Com o mais apaixonado dos rigores.
...E, vou soltando-os, todos, não me aflijo,
Pois, logo vejo, que esses meus balões,
Só existiram por um bom motivo:
Subir, pra despertar as emoções;
Um vislumbre, uma lágrima, um sorriso;
Um suspiro de amor nos corações.
15
JUNHO MÊS DAS FESTAS
Silvia Benedetti
Estamos no mês de junho, mês das festas de Santo Antônio, São Pedro e São João realizadas em todas as regiões, com alguns detalhes por certos regionalistas. Não lhes faltando alegrias, brincadeiras e guloseimas e, como principais características a fogueira, o casamento e a quadrilha.
As origens destes festejos são europeias, de quando no SOLSTICIO DE VERÃO eles comemoravam as colheitas.
Esta era uma festa pagã; a igreja católica não conseguiu êxitos ao combatê-la. Mas inseriu nela, “um toque de religiosidade” e foi assim que ela chegou ao Brasil, nos meados do século XVI, com o nome de festa JOANINA e depois festa JUNINA; festa popular.
Com a PANDEMIA, este é o segundo ano que ela estará suspensa e nós, saudosos do QUENTÃO, do milho assado, do pinhão e da CANJICA... saudosos do CASAMENTO, da QUADRILHA e dos CAIPIRAS com seus trajes chamativos e todas aquelas brincadeiras sadias e divertidas.
Tudo passa... isso também passará e voltaremos aos ARRAIAIS festivos de Santo Antônio, São Pedro e São João!
Porto Alegre, 10/06/21
16
AMOR DE FESTA JUNINA
Salomé Pires
Hoje voltando no tempo
Eu comecei então recordar,
Tinha um caboclo matreiro
Querendo me namorar,
Era bonito e roceiro,
Eu fui tola, não quis ficar.
Fui boba naquela hora,
E deixei o espaço aberto
Para outra se achegar,
Ela fez o que era certo
Se mostrou e se assanhou,
Quando chegava bem perto.
O caboclo me queria,
Mas ela em laço de fita,
Perfumada, bem faceira,
No seu vestido de chita,
Rebolando bem fagueira,
A caipira Benedita.
Remexia nas belas tranças
Com seu biquinho manhoso,
Para mostrar seu batom;
Voz em ritmo meloso,
E ruge no forte tom,
Tudo nela era dengoso!
Era um moço tão bonito
E queria me namorar
Marquei bobeira eu sei,
Deixando a outra chegar,
Essa brechinha eu que dei
E não adianta chorar.
Ganas de puxar sua trança
De borrar o seu batom,
Rasgar os panos de chita,
Mostrar para ela o que é bom,
Pois a moça Benedita
Deixou-me fora do tom.
Parou e olhou para a bela
Perdeu até as estribeiras,
E era a noite de São João;
Chorando senti a fogueira,
Restava tomar quentão,
E chorar a noite inteira.
Enquanto assim eu sofria
Olhando a brasa no chão
Outro caboclo chegou,
E segurou minha mão,
Para dançar me levou
A quadrilha de salão.
Depois olhei aquele céu
Onde já subia o balão,
Nunca poderei esquecer
Esta noite de São João,
O Santo fez aparecer
O par do meu coração!
17
FESTAS JUNINAS
Fátima Peixoto
Vamos comemorar.
Cada um na sua casa,
Cada um no seu lugar.
Vamos fazer.
Canjica, pamonha e mungunzá,
Pra todo mundo comer.
Vamos convidar.
O sanfoneiro da cidade,
Fazer uma Live e cantar.
Vamos acender.
A fogueira com o calor humano,
Para a gente se aquecer.
Vamos dançar.
Deixar a tristeza de lado,
É hora de recomeçar.
Vamos continuar.
Com coragem, com confiança,
Para na próxima quadrilha dançar,
Não soltem fogos nem balão.
Respeitem as nossas florestas,
Logo estaremos juntos festejando o São João..
18
TRADIÇÃO É NOSSA HISTÓRIA
Negra Luz
Tradição, se não sabe, é cultura.
Tradição, pode buscar, também é entrega, Irmão!
Hoje, junto os dois sentidos do verbete
E digo:
Tradição, no Nordeste, é São João.
É cultura entregue de geração a geração.
Constelando na alma do nordestino,
Irradiada por toda Nação
Pelas rotas, historicamente, migrantes.
Pulverizou-se essa nossa tradição
De saudar, em junho, os insignes santos: Pedro, Antônio e João.
É uma festa!
É um espírito!
É uma memória!
Tudo cingindo mais esta tradição!
No Brasil, nos seus diversos rincões,
São tantas as riquezas,
São diversas as manifestações de tradição.
Não rotulo qual possui maior ou menor nobreza,
Pois todas elas importam na nossa formação.
Preservar é um verbo a ser praticado...
Recontando, festejando, ensinando,
Até versando,
Não deixando apagar-se da História do Brasil
Nossas raízes,
Nossa tradição!
19
AS FESTAS JUNINAS
Sandra Lúcia
O mês de junho chegou
Para os casais comemorarem o amor
E os enamorados sublimarem
Em beijos quentes o seu fervor.
Quando a noite deleita suavemente
Abençoada pelas gotas de orvalho
Refletindo a chuva de estrelas
Que deságuam do céu de anil.
Ao amanhecer os enamorados e solteiros
Avocam a Santo Antônio
Para abençoar o amor.
No altar do convento
Um jardim de andores, ornam o Santo
Com lindas flores que abençoadas
Flutuam pelas ruas em romaria
Até chegarem à praça, com os fiéis
A cantarem o respôncio com fé e alegria
E logo após começa a folia
Com forró, samba, seresta e cantoria!
Salve Santo Antônio!
Quanta beleza desse encontro
Que em cada ano aumenta a romaria.
Êta mês de fé e folia!
As fogueiras invadem as ruas
Decoradas em multicores com bandeirolas
Que flutuam ao vento, nas ruas, nas casas,
Nas praças quanta alegria!
E com muita animação
A comunidade inteirinha procura por São João
E a pergunta é uma só
Invade todos os tons e sons do forró!
Com tanta animação sempre o povo
Pergunta onde está São João:
“São João passou por aqui?”
E de porta em porta,
Cada casa acolhe um festeiro caipira
Que procura pelas delícias:
Bolo de milho, de aipim e canjica,
Amendoim, milho assado e cozido,
Mungunzá, lelê e pamonhas,
Arroz doce e laranjas, tudo na mesa ornada
Com chita, flores e licores que os amigos
Procuram por vários sabores:
Jenipapo, maracujá, cupuaçu, cacau,
Cravo, limão e cajá...
As crianças saem pelas ruas a brincar
Lindas, vestidas de caipira
Com seus fogos a soltar: estalinhos, estrelinhas,
Chuvinhas e vulcões, repletas de animação!
E continuam procurando São João
Dançando o arrasta-pé no salão
Preenchendo de alegria o caramanchão!
Viva São João!
Mas a festa continua até São Pedro,
Quando as viúvas comemoram de seu jeito
E tudo tem o mesmo efeito:
Muitas delícias, alegria, fantasias
E amor no coração!
Viva Santo Antônio, São João e São Pedro!
20
VIVA! SANTO ANTÔNIO, SÃO JOÃO E SÃO PEDRO
Poetisa Vera Passos
Quando chega o mês de junho prepara o coração
É o mês da alegria e de muita tradição
É festança todo dia e muita animação
Lá na roça os festejos começam com procissão
Em homenagem ao Santo Antônio
Tem promessa, cantoria e oração
No terreiro a fogueira, arrasta o pé no salão
Tudo enfeitado com bandeirinhas e balão
Tem barraca de beijo, pau de sebo e rojão
Na cozinha a canjica, milho cozido e quentão
São João é a festa mais bonita
O terreiro é o salão, a gente de roupa de chita, no cabelo laço de fita
Os outros de chapéu de palha
É moda no Sertão
A sanfona toca forró e começa a animação
A quadrilha de improviso é trabalho da Vovó, o Vovô na marcação
A gente dança agarrada com marido, namorado, tios e irmão
Essa festa NORDESTINA como manda o Rincão
É encontro de família da velha tradição
21
FESTAS JUNINAS NA IMAGINAÇÃO
Mirian Arceno Rocha
Nosso Brasil brasileiro esbanja felicidade no mês de junho, com festas caipiras que acendem a fogueira e roda de quadrilha.
Pipoca, canjica, cocada, quentão e outras maravilhas...
A simplicidade da roça que enche os corações de alegria!
Neste ano nossas festas ficarão na imaginação...
22
SÃO PEDRO- O SANTO DO MEU DIA
Joyce Lima Krischke
Hoje, em meio a Pandemia, fico a cismar...
“No” das chaves dos céus pra abrir e fechar.
O humilde pescador da Galiléia...
Pedro - que traiu Jesus numa assembleia!
“Pedro! Apascenta os meus cordeiros...”
Palavras de Cristo aos seus herdeiros.
Envidraçada com o piano de cedro...
Sumiram os meus versos pra São Pedro!
As palavras ao Santo do meu dia?
Ah! Ano sem festas... com pandemia.
Talvez festas na morada dos Céus...
Onde São Pedro entrega os troféus.
Casa sem vidraças e sem telhas,
Onde festejarei com suas ovelhas!
Balneário Camboriú/SC, 17 de junho de 2021.
23
Baiana do Acarajé
Antônio Luiz Moreira de Oliveira (Cardoso/2021)
A Baiana do Acarajé
Tradição secular
Pelas ruas da Bahia
Na capital Salvador
De saia bem rodada
Na seda matizada
Pulseiras e balangandãs
Anágua engomada
Turbante na cabeça
Tabuleiro enfeitado
De Acarajé e Abará
Caruru Pimenta Vatapá
No Mercado e Elevador
No Carnaval de Salvador
Na Lavagem do Bomfim
No Farol de Itapuã
Baiana do Acarajé
Patrimônio da Bahia
No Largo de Amaralina
O sorriso a beira mar
24
AS REGIÕES BRASILEIRAS
(Deomídio Macêdo)
Os fogos explodem no céu nordestino.
O dono da festa é São João.
É o mês do arrasta pé, do forró de serra,
da quadrilha junina, dos balões, das bandeirolas que enfeitam o salão.
Abre alas que lá vem o bumba meu boi.
Deixa os caboclinhos passar.
O Carnaval vai invadir as avenidas de Salvador.
Abre alas, para a marujada, o reisado, o frevo, a capoeira.
Vibre com Iemanjá e lave a escadaria do Bomfim, escrita na Literatura de Cordel.
A região do Norte brasileiro tem o prazer de apresentar: o Carimbó, o congo ou contada, a folia de reis e a festa do divino.
A culinária dos indígenas baseada em peixes e mandioca, se misturando num só prato com carne de sol, tucupi, camarão seco e a pimenta de cheiro para deixar o caboclo com água na boca.
Região Centro-Oeste lá em Goiás nos traz a cavalhada e o fogaréu.
Sem falar do caruru no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Para ter o gostinho de quero mais, o arroz com pequi.
Para não deixar dúvidas das culinárias dessa região existe um leque de pratos deliciosos: sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, maria isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, peixes do pantanal.
E o Sudeste com a festa do divino, festejos da Páscoa e dos santos padroeiros.
Vem trazendo a sua história para o povo brasileiro com suas congadas, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, batuque, samba de lenço, folia de reis, caiapos.
Sinta aí o cheirinho da moqueca capixaba, do pão de queijo, do feijão tropeiro.
Pegue um prato e sirva à vontade, sem medo de engordar: carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, pitadinha, virado a Paulista e agora só para completar o prato: cuscuz paulista, farofa e pizza.
Depois não pise na balança!
A região sul que tanto amamos foi influenciada pelos imigrantes portugueses, espanhóis, alemães e italianos que trazem as suas alegrias na festa da uva vinda da Itália; no oktoberfest da Alemanha; o fandango de Portugal; a tirana e o anuo de origem espanhola.
É preciso comemorar, bebermos chimarrão, comer churrasco, marreco assado, camarão, pirão de peixe, sem falar no barreado, cozido de carne em uma panela de barro.
Viajei pelas regiões brasileiras e agora me despeço de vocês, brindando com um bom vinho, desejando aos leitores e leitoras saúde e paz!
Beba com moderação.
25
NOITE DE SÃO JOÃO
Neneca Barbosa
Volto mais uma vez ao passado, lembrando as minhas raízes. Sítio Jenipapeiro, sertão paraibano, onde revi minha família e compartilhei a noite de São João.
Saudades dos meus queridos pais, que sempre estavam lá, com suas figuras marcantes, proporcionando para todos os filhos as brincadeiras da noite de São João. A fogueira era preparada pela manhã. Ficava ansiosa que chegasse o final da tarde, para que fosse acessa. Família numerosa, num total de nove filhos. Era uma noite de grande animação. Os fogos de artifícios eram poucos. Nunca gostei dos foguetões e bombas, me incomodavam. Talvez, sejam reminiscências de um passado distante.
A preparação continuava. O milho era colhido no roçado logo pela manhã. Quando terminávamos de almoçar, minha mãe, minhas irmãs e eu, íamos logo dar início a confecção das pamonhas, canjica e o bolo de milho. Tudo feito com o puro leite que era tirado, logo cedo, na vacaria. Ainda acrescentávamos nata, manteiga e queijo de coalho dando um sabor especial às iguarias. Tinha também o milho cozido e o milho que fora reservado para assar na fogueira à noite. Naquela época os espetos eram feitos de madeira.
Tudo tão simples, mas tão maravilhoso! A união da família, onde cada um se aconchegava ao outro, através do abraço, do beijo... As emoções fluíam de forma espontânea. Mesmo parecendo um tempo retrógrado, mas havia sim, esse aconchego familiar. No alpendre da casa eram armadas redes, nas quais uns ficavam a balançar, outros deitados em espreguiçadeiras, mas todos com o mesmo espírito de animação. Cantávamos, contávamos histórias, dávamos gargalhadas, tudo em clima de festa. Ah, tinham as simpatias para arranjar namorados. Como eu era ainda criança não fazia nenhuma, mas minhas irmãs mais velhas do que eu, faziam. Lembro-me das madrinhas de fogueira e das comadres e compadres. A meninada tomava por comadre ou compadre uns aos outros. Tudo muito rico em se tratando da imaginação e criatividade.
Hoje, ao voltar lá, consegui me reunir com uma parte dos irmãos. Existia uma lacuna... Alguns que nos foram caros já não estavam mais com suas presenças físicas, mas presentes em espíritos. Faltou ainda o milho, personagem indispensável à Festa de São João. Segundo Cosme, meu irmão mais velho e dono da casa, a chuva tinha sido escassa para a colheita do milho, que fora plantado no dia dezenove de março, dia de São José, para ser colhido no São João. Meu sertão nordestino! Como sua gente sofre pela escassez da chuva. Seu povo é forte, guerreiro e sabe viver com as adversidades da vida, com muita fé e gratidão a Deus, nosso Pai Maior.
Apenas a fogueira solitária se encontrava lá, imponente, com suas labaredas a desvairar o espaço, e que serviu para a garotada soltar os seus rojões e fogos de artifícios. E no tom de brincadeira falei em voz alta: Quero meu São João de volta. Mesmo assim não fiquei triste, pois havia o aconchego e o carinho de todos. Foram dias inesquecíveis, onde o compartilhar faz-nos seres mais dóceis e mais felizes. Volto sempre reabastecida da energia pura do campo, mas principalmente volto reabastecida do calor humano, bem peculiar aos meus entes queridos. O clima no sertão, nessa época do ano, se torna mais ameno, principalmente à noite. Podíamos dormir tranquilos sem calor e nem pernilongos.
26
TRADIÇÕES DA CULTURA BRASILEIRA
Helder Roque
Influências de povos indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos, entre outros, tiveram efeitos nos hábitos culturais, como também as dimensões continentais, climáticas e geográficas diferentes entre si, fazem com que as tradições culturais sejam vastas e diversificadas.
São elementos caraterísticos da cultura brasileira a música popular, a literatura, a culinária as festas tradicionais como o carnaval.
A religião, também sofreu miscigenação que reúne elementos do candomblé, do cristianismo e das religiões indígenas, formando uma concepção religiosa plural.
Na música sertaneja de raiz encontramos elementos que nos remetem à vida no campo.
O funk carioca fala da vida das favelas.
A literatura de cordel trata de temas recorrentes ao sertanejo nordestino.
Aspetos culturais da Região Centro-Oeste:
Manifestações culturais típicas da região: a cavalhada, no estado de Goiás e a Procissão do Fogaréu.
Na culinária: a galinhada com pequi e guariroba, o empadão goiano, farofa de banana, bolo de arroz, mojica de pintado, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, entre outros.
Manifestação cultural em Mato Grosso: o cururu, dança de provável origem indígena, dançam em círculos ao som de viola de concho e reco-reco, a festa de São Benedito, Siriri.
As rendas bordadas, as bonecas de pano, artesanato em madeira e cerâmica.
Aspetos culturais da Região Sul:
Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina:
Rio Grande do Sul: Os gaúchos, (não dispensam a bombacha, o lenço e o poncho), apreciam o chimarrão e o churrasco.
Grande parte dos seus aspetos culturais é oriunda dos imigrantes alemães, italianos, espanhóis e portugueses.
As danças gaúchas, grande parte, tem origem portuguesa. Destacam-se, também as danças espanholas como a tirana e o anu.
Festas: A Senhora dos Navegantes, de origem portuguesa, realizada em Porto Alegre, no rio Guaíba, no dia 02 de fevereiro, a festa da Uva em Caxias do Sul.
Paraná:
A culinária apresenta o barreado, um cozido de carne.
Santa Catarina:
Grande influência dos colonos italianos e alemães.
Cultura vinhateira, trigo, linho, algodão, cânhamo, e mandioca.
Eventos culturais:
O boi-de-mamão, vai do natal ao carnaval. A dança de fitas, é uma dança ariana antiquíssima. O boi na vara. Oktoberfest, em Blumenau, (SC), festa da cerveja.
Culinária:
Pirão de peixe, no sul do estado, os pratos alemães e a marreca, no norte. Na capital o destaque é o camarão.
Aspetos culturais da Região Nordeste
Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piaui, rio Grande do Norte, e Sergipe.
Carnaval, festas juninas, os festejos de bumba meu boi e a capoeira, introduzida no Brasil pelos escravos africanos.
Riesado, trazida pelos colonizadores portugueses, é um espetáculo popular das festas de Natal e Reis.
O coco é um estilo de dança, é uma expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida.
O frevo, surgiu através da capoeira. Dança de alucinação coletiva do carnaval pernambucano, praticado em ruas e salões.
Terno de Zabumba, é um conjunto musical típico do Nordeste. Função profana e religiosa.
O maracatu, mistura de música primitiva e teatro.
Quilombo, dramatiza a fuga dos escravos que foram buscar um local seguro para se esconderem, na serra da Barriga, formando o Quilombo dos Palmares.
Candomblé, consiste num culto de origem africana trazido pelos escravos negros na época do Brasil colonial.
Afoxê, é o sagrado participando do profano.
A festa de Iemanjá, é um agradecimento à Rainha do Mar. A maior festa ocorre na Bahia, no rio Vermelho, dia 02 de fevereiro.
Lavagem do Bonfim, é uma das maiores festas religiosas populares da Bahia.
Literatura de Cordel, é uma das manifestações culturais nordestinas. Consiste na elaboração de pequenos livros contendo histórias escritas em prosa ou verso desde, desafios, histórias ligadas à religião, ritos ou cerimónias.
Culinária nordestina: Destaca-se pelas comidas apimentadas e temperos fortes.
Pratos típicos: Carne de sol, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá cururu, tapioca.
Aspetos culturais da Região Norte:
Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Festas populares são o Cirio de Nazaré, procissão católica, em Belém e o Festival de Parintins, forma de distração popular, ou festa do boi-bumbá, no Amazonas.
Carimbó, estilo musical de origem negra, no Pará.
Congo ou Congada, é a representação da coroação do rei e da rainha eleitos pelos escravos negros.
A Folia de Reis, comemoração do nascimento de Cristo.
A Festa do Divino, é uma das mais cultuadas em Rondônia.
Culinária: o tacacá, espécie de sopa quente feita com tucupi. Goma de mandioca, jambu, camarão seco.
Portugal/20.06.21
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O JOGO DA VIDA!!
JJ. Oliveira Gonçalves
A vida é um jogo. Um jogo ardiloso e duro. Doído e frio. Frio como a lâmina de uma espada. Uma esgrimindo contra a outra. Num jogo fero de vida e morte. Pela vida. A vida é essa coisa incompreensível e louca que vivemos todos os dias. Todas as noites. A vida é esse embate duro de titãs. Em que ninguém ganha e só se perde. Eis que, mesmo quando saímos vencedores, perdemos alguma coisa de nós. No mínimo, alguma coisa se quebra dentro de nós. Ou muitas... Quem sabe? Depende de cada um. Do seu coração. Da sua Alma. Afinal, cada um sabe de si. De seus Valores. De seus Sentimentos. Todavia, se não ganhamos, perdemos alguma coisa: ou tudo! Perdemos a vida pela qual tanto lutamos. Pior, ainda: arriscamos a perder a Liberdade. Sem ela, viramos zumbis sem rumo. Sem prumo. Sem identidade. E Deus – Criador – não nos fez para sermos escravos de ninguém. Mas para sermos homens e mulheres livres. Num planeta chamado Terra. Somos o Sal da Terra. E o Sol de nossas próprias vidas. Somos a Chuva que lava a Alma da Terra para que ela nos dê bons e saborosos frutos. Somos os Ventos do Espírito Santo que sopram sobre a Seara e sobre a Colheita para exterminar os vírus, as pestes e os males que ameaçam o Suor e a Vitória do nosso laborioso trabalho. Esse trabalho constante e diuturno ao qual chamo sobrevivência. Essa sobrevivência, essa luta a que chamo de jogo da vida. E, tenho certeza, somente a Esperança e a Fé na Vitória nos permitirão amealhar os Louros por termos atingido os objetivos do Destino do Homem: sermos Seres de Luz a serviço da Paz e do Bem. A serviço da Glória e do Amor de Deus – Misericordioso e Sábio!!
Minhas palavras são como as Estrelas... Jamais empalidecem!
(Grande-Chefe Seattle)
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PERÍODO JUNINO
Roseleide Farias
Perdido nos dias se vão
Esse mês de junho que era canção
Resplendor de festas e alegria
Íntimo à cada coração
Olhos brilhavam festivos
Detendo-se ao redor das fogueiras
Onde chispas se espalhavam na noite de São João.
Jovens e velhos se aqueciam
Unidos na alegria, comidas típicas, quadrilha, forrós.
Numa total harmonia, apadrinhamentos, celebração.
Intensos fogos de artifícios, amores, as adivinhações
Numa oração rogo a Deus que traga saúde e animação
Onde as belas festas ocorram nas noites de São João.
20/06/2021.
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RECORDAÇÕES EM UMA MADRUGADA JUNINA
Vânia Vinhas Cardoso
Junho. Final de Outono. O céu azul, sem nuvens, já pressente o Inverno. Folhas caem das árvores em constante renovação. Irão renascer ainda mais verdes, fortes e viçosas.
Muitas vezes, o céu torna-se cinzento, coberto de nuvens que trazem chuva, ventos e mais frio...
Esse cenário da Natureza propicia-nos reflexões. O Outono é espera... e, no final de junho, recebe o Inverno de braços abertos.
Espera... Renovação... Natureza... Clima frio...
Um uma noite fria de junho, bem cansada do trabalho e afazeres do dia, fui dormir bem mais cedo... Mas, acordei de madrugada. O relógio marcava 3 horas e 10 minutos.
No silêncio da noite, pensamentos e recordações vieram-me à mente. Não conseguia mais dormir. Levantei-me e fui invadida pela vontade de escrever.
À mesa do escritório, uma folha branca de papel à minha frente... lápis e borracha. É assim que gosto de escrever. Como nos antigos tempos de criança. Texto pronto, entro na modernidade: digito no computador, trabalho na formatação e imprimo.
Junho... Maio, antes, e julho, depois. Meses que sempre me encantaram! O clima frio, a serenidade do céu muito azul e sem nuvens... e o brilho intenso das estrelas nas noites claras e geladas.
É uma época do ano quando muitas festas acontecem. Festas onde o sentimento de humanidade e a religiosidade se fazem presentes. É aquela religiosidade simples e latente no ser humano!
Fechei os olhos e, à minha frente, foram surgindo tapetes e mais tapetes... Aos poucos, fui reconhecendo os tapetes coloridos de Corpus Christi, que enfeitam as ruas por onde passa o “Corpo de Cristo” empunhado por um padre, precedendo um grande cortejo de cânticos e orações. A procissão. E, improvisamente, sons... muitos sons misturados em uma harmonia que surpreendia e cortava o silêncio da madrugada. Sons de sinos... Os sinos dos campanários das igrejas que, em festa, cantavam um hino para saudar o Grande Mestre e Senhor!
Os tapetes de Corpus Christi! Na infância e adolescência, em meus tempos de colégio de freiras, no início de março, depois das aulas, íamos para a escola para preparar o material a ser usado nos tapetes: tampinhas de refrigerantes cobertas de papel laminado de várias cores, serragem de madeira tingida, pó de café, já coado, que secávamos ao sol, flores de papel, cálices de madeira pintada de dourado, crucifixos de papelão coberto de papel que imitava madeira ou bronze, peixes feitos de caroços de manga, que lavávamos até ficarem brancos, e depois eram secos ao sol e, pintados, transformados em peixinhos... A criatividade era tanta, tanta que, tudo o que víamos à nossa frente já pensávamos em uma maneira de transformar em ornamento para os tapetes. E trabalhávamos meses até chegar o grande dia de Corpus Christi.
Na noite que antecedia a festa, às 3 horas da madrugada, já estávamos nas ruas vizinhas à Igreja Matriz, para confeccionar os tapetes. O trabalho era muito para pouco tempo até a hora da procissão, mas sempre conseguíamos terminar a contento. Era cansativo, mas altamente divertido e... muito, muito, muito frio! A grande diversão era brincar “de fumar”, inspirando profundamente o ar frio e exalando a “fumaça branca” que saía de nossas bocas e narinas...
Ajoelhados, como em oração, na confecção dos tapetes nas ruas por onde, mais tarde, passaria o Corpus Christi, não nos dávamos conta do passar das horas, e só as percebíamos quando os primeiros raios de sol nos saudavam pelo novo dia.
A cidade amanhecia e pessoas já se aproximavam, maravilhadas com a beleza, criatividade e perfeição dos tapetes.
Chegada a hora da procissão, o pároco da Matriz sempre se surpreendia com a criatividade e beleza que, a cada ano, eram maiores. A procissão ocorria sempre em paz e harmonia, saudando o Corpus Christi... E nós ficávamos contentes pelo presente que havíamos construído para Deus... Mas... terminada a procissão, muitos meninos vinham brincar em cima do que restava de nossa “obra de arte” e, em segundos, não se via mais tampinhas laminadas, serragem colorida... e mais nada! Tudo estava misturado e desorganizado. Eu sempre pensava: “Coitados dos garis! Quanto trabalho terão para manter limpas as ruas!”
Após a festa de Corpus Christi, logo chegavam as outras festas tão tradicionais de junho. A religiosidade e a simplicidade, mais uma vez, faziam-se presentes na comemoração do trio de Santos: Antônio, João e Pedro. E eram festas por toda parte: nas escolas, nas fazendas, nos clubes, nas praças, nas residências! Fechavam-se ruas inteiras, onde os vizinhos abriam as portas de suas casas, e os alpendres eram transformados em “cantinas”, onde maravilhosos quitutes eram oferecidos ou vendidos a todos, e a renda seria revertida aos carentes. E a dança da quadrilha era o clímax da festa! Dançava-se em toda a extensão das ruas fechadas aos carros, em um alegre ir e vir rodopiante!
Nas praças das igrejas, principalmente da Matriz, quermesses com barraquinhas recheadas de delícias: pamonha, paçoquinha, pau a pique, pé de moleque, broa e bolo de fubá, amendoim com chocolate, torrone, espigas cozidas de milho verde, cobertas com manteiga e sal, “maçã do amor”, algodão doce... e, para aquecer, vinho quente com açúcar e canela e o tão esperado “quentão”. Esse, sim, aquecia de verdade... mas os pequenos não podiam se servir dele e, para compensar o frio, estes pulavam, corriam e brincavam por toda a praça, soltando as temíveis “bombinhas” que assustavam os distraídos!
Não posso me esquecer do “Correio Elegante”, que entregava bilhetinhos românticos aos apaixonados que ainda não tinham tido coragem de se declarar... mas, meses depois, até saíam casamentos!
No centro da praça, a grande fogueira que aquecia, iluminava e enfeitava a festa! Ao seu redor, ao som do sanfoneiro e ao comando do narrador, os “caipiras estilizados” dançavam a quadrilha guiados por palavras em um “caipirês afrancesado”: “Balancê!”... “Anarriê!”... “Óia o túnel!”... “Óia a pônti!”... “A pônti quebrô!”... “Cuncertô!”... “Óia a chúva!”... “A chúva passô!”... “Ih... Óia a cobra!”... “Óhohóhóh... (gritavam e corriam todos!)... “Pódi vortá! Os ômi matô!”... E a quadrilha continuava noite a dentro, a cada momento acrescentando-se novos dançarinos... Uma diversão!
Pois é... Eis-me aqui, de madrugada, a relembrar tempos passados... São tempos que, fisicamente, não voltam mais... mas que, gravados nos corações de todos que os viveram, fazem-se sempre presentes. É só fechar os olhos e deixar a mente viajar!
Já são quase 5 da manhã... Vou voltar a dormir. Quem sabe, em sonho, mais lembranças juninas virão... e “os tempos que não voltam mais”, com certeza, voltarão, com mais profundidade e detalhes de emoções, pois, um pouco daqueles tempos já foi registrado nas folhas de papel, antes em branco e, agora, recheadas de sonhos e poéticas lembranças!
Que Ciranda deliciosa! É uma alegria poder ler e se deleitar com tantas visões de um mesmo tema: As Tradições da Cultura Brasileira! É uma viagem nas asas da imaginação e da criatividade! Parabéns e grande abraço a todos os participantes da Ciranda de Junho... e a mim também !😉🌻
Ser Cappaz é um prazer enorme. Trocamos muito mais do que palavras ou letras. Trocamos emoções.
Cada ciranda traz um novo movimento para a Cappaz!
Que Ciranda deliciosa! É uma alegria poder ler e se deleitar com tantas visões de um mesmo tema: As Tradições da Cultura Brasileira! É uma viagem nas asas da imaginação e da criatividade! Parabéns e grande abraço a todos os participantes da Ciranda de Junho... e a mim também !😉🌻