Sedento de conquistas e vitórias, um ex-combatente,
Remanescente de cruentas guerras, por várias vezes celebrara a paz...
A paz do cessar – fogo, a paz dos armistícios, a paz da rendição...

E a paz que celebrara como alvissareira, já não mais lhe basta...
Não mais nutre o desejo de perenes glórias, nem sua imensa sede de vitórias;
Sua vida é relegada à solidão...

Decide refazer em sua memória
Sua intensa e dolorosa trajetória:
Revê seus atos de devastação:
Cabanas e florestas incendiadas, a flora centenária devastada,
E a fauna a definhar em sua extinção...

Semblantes de vencidos consternados,
Esgares dos sofridos mutilados...
Olhares de revolta e de reprovação...

E nessa caminhada retroativa
Em sua mente, como tela viva,
Um grande espelho ele percebeu...
E via nesse espelho refletidos
Seus desatinos, como ressurgidos,
E nesse espelho se reconheceu...

E então ele decide, finalmente,
Sua vida refazer urgentemente.
E a verdadeira paz ele entendeu...

E vai em frente em seu objetivo:
Semear a paz, buscando lenitivo
À dor, ao desespero e à desolação,
Semeando a paz em plena multidão...

E a paz que ora semeia não é a paz da morte,
Mas uma paz serena que lhe dá suporte
Aos atos de desvelo pelo Ser Irmão!