01
ABERTURA
INVERNO
EXERCÍCIO CONJUNTO DOS SONETISTAS CAPPAZes
O inverno chega com o frio vento, (Neneca Barbosa)
Também, com ele vêm brancas geadas. (Joyce)
Um céu rosado surge, nevoento ( Carlos Reinaldo)
As brisas vêm, estão frias, geladas! ( Carlos Reinaldo)
O dia passa trêmulo, cinzento, (Hélio Cabral)
Árvores solitárias, desfolhadas, (Joice)
Mas das raízes cuidam, sem lamento (Sílvia Araújo Motta)
E, novamente, vê-las bem floradas. (Neneca Barbosa)
Inverno pode ser, também, sossego. (Hélio Cabral)
Pode trazer, também, carinho certo, (Sílvia Araújo Motta)
Para sentir o afago, do aconchego. (Neneca Barbosa)
Frio e calor andando de mãos dadas, (Hélio Cabral)
Após a noite fria, está mais perto, (Carlos Reinaldo)
A luz que chega, em mãos de belas fadas. (Carlos Reinaldo)
PARTICIPANTES DA 159ª CIRANDA – JULHO - 2022
1. Cardoso (04)
2. Carlos Alberto Barreto (19)
3. Conjunto de Confrades Sonetistas (01) ABERTURA
4. Deomídio Macedo (23)
5. Dido Oliveira (12)
6. Eda Bridi (24)
7. Giba Peixoto (02)
8. Hélder Roque (13)
9. Hélio Cabral Filho (10)
10. José Maria de Jesus Raimundo Silva (03)
11. Joyce Lima Krischke (16)
12. J.J. Oliveira Gonçalves (11)
13. Loudes Ramos (08)
14. Maria da Conceição Ferreira Santos (09)
15. Lúcia Silva (22)
16. Marina Martinez (20)
17. Neneca Barbosa (05)
18. Odilon Machado Lourenço (14)
19. Roseli Farias Roque (07)
20. Salomé Pires (Mel) (06)
21. Silvia Araújo Motta (25) ENCERRAMENTO
22. Tereza Santos da Silva (18)
23. Valmir Vilmar de Sousa (Veve) (17)
24. Vera Passos (15)
25. Vilson L Holanda (21)
02
AMOR E FRIO
Giba Peixoto
Em uma noite de frio, explodiu o nosso amor,
Ouvindo belas músicas, suaves e marcantes
Espaço de romance e abraços, sinceros com ardor
Entre quatro paredes, vivemos momentos ternos e edificantes
Os corações aquecem e queimam como verão
Como a coberta de inverno, que agasalha o fugor do amor
Nada além do teu corpo, para me envolver de emoção
Com os teus beijos ardentes transformando, frio em calor
Nos dias de frio, abraça-te ao teu amor, acenda a fogueira do teu coração, declame, faça versos, textos, encene, arme teu circo e escreva teu drama.
O inverno é uma estação romântica de pura energia, oh! Friozinho bom! Nada melhor para ficarmos pertinho de quem nós amamos e de quem nos ama.
18.07.2022
03
INVERNO
José Maria de Jesus Raimundo Silva - Varginha MG.
As folhas caem,
Manhãs frias.
Neblinas cobrem campos e cidades.
Os ipês florescem,
Encantando os olhos.
Agasalhos e cobertores multicoloridos,
Saem dos armários.
Há moradores de rua.
Surgem campanhas de doações.
Roupas e alimentos.
Inverno antecede a primavera.
É nós vamos vivendo...
Amando..
Distribuindo sorrisos,
Amor,
Felicidade e paz.
04
INVERNO
Cardoso – 07/2022
No tempo da invernada
Orvalho molhando a flor
No chão do coração
Do povo do sertão
Nas coivaras do lugar
O inverno compartilhado
No preparo do terreno
Na colheita do roçado
A família se ajuntando
Ao redor do fogão
Pai mãe e os filhotes
Abraçados feito nó
Espalhando o sabor
Da alegria paz e amor
Procedente dos aboios
Do vaqueiro sonhador
Nos caminhos do sertão
O inverno tem calor
Faz suar os corações
Gotejando paz e amor
05
INVERNO NO SERTÃO
Neneca Barbosa – João Pessoa, PB
Quando a chuva cai no sertão,
tudo se transforma em alegria
nos acordes da sinfonia,
alegrando cada coração.
Nuvens carregadas no céu,
raios, trovões e claridade
vão rasgando da noite o véu,
trazendo a felicidade.
Com a chegada da alvorada
a manhã fica mais bonita,
o vento, a folhagem agita,
ouve-se o canto da passarada.
Faz brotar na terra a semente,
sendo renovada a esperança
do homem do campo, carente;
o inverno é a sua segurança.
O sertanejo em oração
agradece a Deus pela vida,
pela colheita bendita
no seu querido sertão!
06
EM BUSCA DA ALEGRIA PERDIDA
Autora: Salomé Pires, Mel
O vento assobiava lá fora e João com o nariz colado na janela, único lugar da casa que não tinha frestas,
ouvia o silêncio triste que imaginava povoar aquela rua de chão batido.
Os amigos de escola deviam estar em suas casas, quentinhos ao redor do fogão a lenha, comendo e bebendo
chocolate quente, por isso amavam o inverno, ele por sua vez, não via beleza alguma em passar frio e ver sua mãe sofrer. O dia seguinte, 24 de junho, seria seu aniversário, mas era melhor esquecer, ninguém lembraria disso mesmo.
Na sua casa tudo era gelado, desde que o pai morrera, quando chovia, vinham as goteiras, quando os dias
eram frios o ar gelado entrava nas frestas e invadia a pequena e velha casa de madeira. A mãe tossia tentando disfarçar a doença que há muito tempo a fazia sentir fortes dores no peito. Desejava estar num lugar com muita alegria e comida gostosa, não havia
nada em casa para comer e seu estômago também doía.
Uma batidinha no ombro fez João virar-se, mas nada viu, outra vez a batidinha e nada
. - Aqui - disse uma voz vinda debaixo.
O rapaz não acreditou que um duende, vestido de branco o chamada. Ele se agachou e o pequeno homem pediu
que aceitasse uma bala. Ele a chupou e foi diminuindo de tamanho
. - Vamos - disse o duende - tenho algo a mostrar.
Puxou João pela mão e foi entrando em uma fresta brilhante que se formava na parede.
- Para onde vamos?
- Para um lugar feliz e muito colorido, respondeu o duende sorrindo.
Então uma música alegre se fez ouvir e já se encontravam num lugar de festa, uma fogueira no centro e muitos
duendes, de todas as cores, cantavam, dançavam e comiam guloseimas deliciosas.
Então ele viu sua mãe, ela estava dançando feliz, sem vestígios dos males que vinha sofrendo.
Segurou na mão da mãe e entrou na dança ensaiada que chamavam de quadrilha, enquanto um gaiteiro tocava
seu acordeom verde, muito bonito. Ele se encantou com o instrumento, lembrou do pai que tocava um parecido e o ensinava, mas depois teve que vendê-lo para comprar remédios. O som daquele instrumento enchia tudo de alegria e calor, pediu para tocar um pouco,
e como num passe de mágica, ao encostar no acordeom lembrou as lições que seu pai lhe dava quando era bem pequeno. E tocou magistralmente.
João se divertiu muito, tocou, dançou e comeu de montão, era maravilhoso ver a mãe amada sorrindo saudável.
Fez uma visita à cozinha onde os duendes, homens e mulheres se revezavam na produção dos quitutes e ajudou
a fazer muitos pratos deliciosos.
Então novamente a batidinha no ombro, era o duende de branco dizendo que estava na hora de voltar. Que pena!
Mas precisava ir. O duende o puxou pela mão e ainda conseguiu acenar para sua mãe que sorria feliz. Já dentro de sua casa, seu tamanho voltou ao normal. O sol começava a entrar pelas frestas aquecendo o ambiente. Lembrou de sua mãe e correu ao pequeno quarto
improvisado, ela não estava, sobre a cama havia uma grande toalha xadrez com todas as guloseimas da festa: batata-doce assada, bolo de milho, broas de polvilho, maçã do amor, puxa-puxa, cocadas, pé-de-moleque, pipoca, doces de frutas, de abóbora e garrafas
de quentão a base de suco de uva, gengibre e canela e muitas outras coisas. Uma voz suave cochichava ao seu ouvido: reúna o pessoal da rua e faça uma festa com fogueira, comida e música, não esqueça que você sabe tocar acordeom.
Compreendeu que sua mãe ficara no outro lado, na alegria daquela festa de junho todas as suas dores haviam
desaparecido. Sabia que teria que dar muitas explicações sobre a "viagem" de sua mãe, mas logo esqueceriam. Ensinaria muitas receitas que aprendera por lá, eram ingredientes simples, comuns naquele sertão. Então prometeu a si mesmo fazer uma festa igual
àquela todos os anos no dia do seu aniversário, 24 de junho.
E para sua maior surpresa, como a provar que tudo fora real, sobre uma cadeira velha ele a viu, a gaita
verde que havia tocado no mundo dos duendes.
Agora sim as festas de João estariam completas! Com os anos deram a essa festa uma conotação religiosa,
mas isso não importava ao povo, que ano após ano se reunia na alegria de uma festa junina.
07
CELEBRAMOS
Roseli Farias
Celebramos o frio da terra
No cimo do inverno.
E precisa-se de cachecol
As luvas para aquecer
Cobrir a cabeça.
Banhos longos e quentes
E poesia para os dias.
O chão fica branco,
Os narizes gelados
E Chocolates quentes.
Celebramos!
Descanso das estações
E o renascer preparando-se.
O vinho para acompanhar
Na beleza da estação.
A conversa ao fogo e as noites longas.
O cobertor de orelha
Os arrepios na pele
E o Casulo para aproveitar
As delícias da estação.
Celebramos!
Poema para CAPPAZ. 11.07.2022
08
POESIA DE INVERNO
Lourdes Ramos
I nventei um amor de inverno
N ele eu pus um calor intenso
V iajei no sentimento eterno
E idealizei aquele amor imenso
R i da solidão de noite e de dia
N aveguei no mar da fantasia
O nde eu achei a minha poesia!
09
INVERNO.
Maria da Conceição Ferreira Santos
Em épocas diferentes, nos quatro cantos do mundo há inverno de frio cortante!
Nossa pele se encrespa com o ressecamento que lhe traz a frieza!!!
E haja hidratação, meias, casacos, pijama, pantufas...
Em pleno dia queremos cama!!!
Ah, pro escanteio o sorvete em boa companhia, adiamos horário alimentar perdemos o horário do tranco até!!! pela reluta em saltar lépido, cantante.
Sob intenso tiritar adiamos compromisso, viagem, visita por conta da neblina.
Com trágicos desabamentos,
Alagamento em demasia!
Chuva a qualquer hora.
Estio demora.
Refém do frio, vai-se nossa alegria.
Inverno é bem-vindo no campo.
Com terra molhada, tudo planto.
Sobram sorriso em flor, canto...
Toró caindo eu no trampo.
10
SOBRE O INVERNO
Hélio Cabral Filho
Inverno não é só chuva e desgosto;
Não é só umidade, só lamúrias;
Nem ter o coração sempre indisposto,
Com só tristezas, tendo só penúrias.
Inverno pode ser até o oposto,
Das nossas aflições, das nossas fúrias;
Mostrando um sentimento nunca exposto,
Trazendo sensações, talvez espúrias.
Não é apenas dias enfadonhos,
Pode ser momentos de euforias,
Aconchegantes, quentes e risonhos.
Inverno não é só noites sombrias,
Pode ser o raiar dos nossos sonhos
E o despertar das nossas alegrias.
11
CHEGADA DO INVERNO 2022
J.J. Oliveira Gonçalves
Bem-Vindo, irmão Inverno! A cancela está aberta. A cancela destes campos esmeraldinos. A cancela da Esperança e da Saudade. Cancela feita de Paz e Liberdade. Te aprochega, vivente! Estou cá, no galpão, que chamam casa. Ouve: a chaleira chia e anuncia o mate. Sempre amargo. Feito da Seiva da vida e da amizade. Feito as Dores da Alma e Apelidadas de Dores de Crescimento. Vamos prosear um pouco, depois de um longo ano de ausência. Deves ter muita prosa nessa Etérea e surrada mala de garupa. Ah, meu grande e inesquecível amigo – que conheci quando ainda eu era um piá, nas campanhas de Bagé. Quem sabe, poeticamente, já um piá de estância. Apastorear minha inocência, no quintal, com minha branca e mansa tropa de osso. Que não sentia frio– nem medo! Mas, índio velho, antes, vem me dar um abraço. Daqueles bem apertados. Com Ternuras de Lonjuras... Recuerdos e Saudades! Dessas Saudades de irmãos – filhos de Deus e desta guapa Querência!
Te senta, vivente! Sabes? Vê como estou mais magro. Mais delgado. Vê como estão brancos meus cabelos que eram grisalhos. Olha bem as rugas e os sulcos em meu rosto. E estas olheiras de insônias e vãs Esperas... Ouve: sinto que vai chegando ao fim o meu Agosto... Há muita Saudade nos descampados deste peito. Onde a Solidão embala (docemente!) o coração para que não morra. Muita ausência nestas janelas envelhecidas da Alma. E, na própria Alma, lembranças, relembranças, emoções. (Muito Passado passando como um filme em tela cinesmascope!) Repara quantos Vazios em minha vida... Quantas poças de Lágrimas ocupam, agora, esses Vazios, meu irmão! De repente, (quem sabe, numa tentativa piedosa de consolo e solidariedade), ouço que “é a vida...” Gentilmente, gradeço o gesto e as palavras. Não retruco. Embora, para mim, isso não seja vida, não. Ah, essas coisas todas, meu mano, são, isso sim, as chamadas Dores Existenciais – apelidadas de Dores de Crescimento! A duras penas, aprendique o ato desafiador de viver exige uma coragem desmedida. E um bárbaro desapego na Hora do Adeus.
Mas, tchê, não me deixes assim falando sozinho, como um atarantado! Enquanto pego a chaleira e vou cevando a Tradição, nesta cuia de Porongo, me fala de tuas andanças e Saudades por este mundo – maravilhoso e tumultuado de Deus – índio velho! Então, o Inverno levantou de seu banquinho, abriu o enorme poncho cinzento – debruado de geada – e me deu um longo, fraterno e caloroso abraço!
Enquanto isso, o Vento Minuano rinchava lá fora. O Minuano era um potro orgulhoso e selvagem saudando a Liberdade. E as sábias e necessárias Invernias da Existência!!
“Minhas palavras são como as Estrelas... Jamais empalidecem!”
(Grande-Chefe Seattle)
Porto Alegre, 21 de Junho – Chegada do Inverno/2022. 10h12min
12
TEMPO DE INVERNO – CLIMA DA SOLIDARIEDADE
Dido Oliveira
No que se refere ao frio, o inverno depende do tempo em cada região, às vezes, é inverno, mas o frio não chega, o calor insiste em continuar mais um pouco. O friozinho até que é bom, depois de uma jornada calorenta, é quando as pessoas ficam mais juntas, parece que se amam mais – e isso é bom! O calorzinho do agasalho aquece o coração, deixando-o com um ar de ternura. Quando o frio aperta mesmo, alguns se aconchegam próximo a uma lareira, tomando um licorzinho, uma cachacinha, uma vodca, uma tequila... São várias as maneiras de espantar o frio daquele que dói, que faz bater os dentes e a criança gritar “tomar banho nesse frio... px@t%xx#riu, ninguém merece!” - Só sei que a criatividade corre solta pela internet para falar do frio. É fato que em alguns lugares o inverno não chega a incomodar, como é o caso do Rio de Janeiro – O carioca não está acostumado mesmo com o frio, menos de 20’ graus, nossa! É um Deus nos acuda, ele faz logo as pazes com o cobertor. Imagina o pessoal lá do Rio Grande do Sul, SC, Paraná, aquelas cidades aonde o frio chega abaixo de zero. Eu, como bom baiano, também não me acostumo com lugares assim, tão frios. Acho que é por isso que moro no Rio de Janeiro – institivamente, claro, não planejei nada, mas o clima aqui se assemelha com o da Bahia, e me sinto muito bem aqui.
No inverno, o frio que se espalha, também espalha o novo clima – o melhor de todos, o clima da solidariedade. Gente que liga pra gente que se encontra desabrigada, sem teto, sem cobertor, sem calor. É quando chega uma sopa, um cobertor, um pão, um café, um leite, uma palavra de amor. E o melhor de tudo pra quem doa, a recompensa – O agradecimento implícito em olhos profundos de gratidão, o olhar fraterno do irmão carente.
13
SOFRIMENTO – ALIMENTO DA GUERRA
Helder Roque/Portugal
Meu Deus tudo isto é uma loucura
Ao longe vejo o teu sofrimento
Teu corpo pisado e desnudado
Chorando lágrimas de amargura
Eles continuam a bombardear
As explosões ribombam no ar
Tu deambulas pelos destroços
Onde é que estão os remorsos?
Eu vejo famílias separadas
Ahhh…quantos corações destroçados
No caminho as pisadas do horror
Eles avançam espalhando o terror
No fim, o que sobrou desta guerra?
Um país desfeito, um país perdido
Somente a fome, a dor e a miséria
Irão fazer parte deste povo
14
TEMPO DE INVERNO
Odilon Machado Lourenço
Para Nadir Machado da Cunha
Em meio ao frio do pampa volto à minha terra
Campos, campos, campos...
Os cerros entre as coxilhas emparedando campinas
O canto do quero-quero declarando movimentos
Arroio Quaraí - Mirim correndo águas de vertentes emanadas dos varzedos e das sangas
Meu tempo moço bate ao peito
Calo o maior dos silêncios em respeito das memórias
Envolto ao pampa meço nos olhos estradas da minha querência
Paisagens se azulam e aclaram como o céu da meia tarde
Desbravo velhas pedras da morada onde passaram meus pais
Meu sorriso é largo como o verde espalhado nesses dias de julho
Meu coração se irmana no tropel da cavalhada
E o vento nos espinilhos contam causos de galpão.
Canoas, 17 de julho de 2022.
15
TEMPO DE INVERNO
Poetisa Vera Passos
Salvador era só Verão, calor, pele queimada...
Ninguém conhecia o Outono,
A Primavera era toda vez que florescia
O Inverno nunca aparecia
Os tempos mudaram, mudaram tanto, tanto...
O calor sumiu, o sol fugiu, haja chuva!
A enxurrada nossa fantasia, levava os barquinhos
Trouxe medo e agonia, tirando a alegria.
Desespero, tempos ruins.
A temperatura caiu, chegou o frio
É o inverno que de repente surgiu
Os casacos morfos perdem o ninho
De pouco uso. tornaram-se vício
Tomara que o sol volte, as praias são o caminho
O Inverno já era, segue sozinho.
16
INVERNO
Joyce Lima Krischke
Lençol branco cobre o gramado.
Amanhece no inverno gelado.
Frio do pampa faz a união,
de amigos junto ao fogão.
Árvores sem folhas- despidas,
mostram imagens sofridas.
Sol recolhido, não aparece.
Dia cinzento passa... Escurece!
Noite gélida prenuncia:
A neve cairá neste dia.
Visto pala... saio ao relento,
não importando, se há vento.
Caminho na madrugada fria,
ao encontro do novo dia.
Ando e sonho no caminho,
Ao som do canto... de passarinho.
Porto Alegre/RS- Inverno 2006
17
INVERNO
Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 17/07/20
Folhas mortas no chão
Acumuladas, preparadas
Para sua metamorfose
Temperatura caindo, unindo
Corpos sedentos de carinho
Aconchego, um chamego
Roupas cheirando a naftalina
Nos convidam a compartilhar
Seu odor, sua textura, sua clausura
Uma taça de vinho, uma lareira, um tapete
Corpos entrelaçados, apaixonados
Uma noite de inverno, uma cabana
Aconchegados sob a luz do lampião
Revelação de uma paixão
Ao som de uma melodia
Que inebria, contagia
Determina, contamina
Noites de inverno...
18
FRIO E CALOR
Tereza Santos da Silva
Na eterna evolução homem/natureza,
O ser desapercebe o que vê e faz,
Porém, nada é constante no espaço ou na terra...
E nem sempre intrigantes fenômenos o apraz,
Pois homem não gosta de suportar extremos...
Nem sempre experimenta a gélida escalada,
Tampouco aprecia a tórrida esplanada!
Prefere viver tão-somente prazer e leveza,
Pois em tudo que vê almeja harmonia,
Esquecendo-se que na diversidade existe beleza!
Nessa ambiguidade, ignora sua própria essência...
Enquanto o sangue lhe é quente no inverno,
Pode gelar-se a alma no intenso verão!
Por vezes, sem se aperceber, inverna por dentro,
E o frio pode danificar sua alma dual vivência!
Mas o coração às vezes gela no veraneio do amor,
Quando fere o semelhante, intensifica-se a dor!
O calor do ódio pode mutilar o irmão...
Causando-lhe cicatrizes e cruéis lembranças,
Porém o frio na alma pode ser aquecido,
Quando o amor é ateado no âmago do coração!
19
SONETO FRIO
Carlos Alberto Barreto
Qual folha ao léu em fim de invernada
Hibernal frialdade em desmedido tédio
Lá vou eu, numa alienação consternada
Iglu oco, glacial, sem amor, sem assédio.
Qual timão quebrado d’uma nau sem rumo
D’um negro oceano de vagas carnívoras
Qual gafanhoto errante no afã consumo
Deslizando no gelo em andanças herbívoras.
Frio, muito frio... Com intenso ar de necrotério
Frio, muito frio... Sempre em degraus negativos
Frio, muito frio... Com brumoso ar de cemitério.
Doentios pneumos-bacilos devoram assim
Os pulmões, já sem cura, sem sedativos,
Lá vou eu, na invernada em busca do fim.
(Carlos Alberto Barreto, do livro “Tratado de Nostalgia, 2003)
20
INTIMIDADES INVERNAIS
Marina Martinez
Parte do meu mundo, nos dias de inverno, se dispersa.
Adormecidas lembranças despertam.
Atrevidas, montam uma ópera tosca.
Quase um insensível mercado persa.
Mas sei bem, devo ser otimista.
Por caminhos diferentes
preciso encontrar outro porto,
hesitar, pensar, seguir, trilhar.
Admitir um viajar instável,
mesmo que seja lento.
Até porque nada é eterno.
E não devo ser pessimista.
Pretensão fraca, fosca, fria.
Talvez meu tempo exíguo
acelere meu desconforto.
Mas decidi: serei, no máximo, intimista.
Cinzento, tristonho, com vento,
meu presente está, agora, como o dia.
Impregnado por um tempo de inverno.
Palhoça, 010822
21
A POESIA NA SOLIDÃO.
Vilson Lavor Holanda.
A poesia na solidão
Brilha como o sol de verão
Tornando a vida tão leve
Quanto um floco de neve
Plainando sutilmente
Sobre o vento sonolento
De um preguiçoso inverno.
A poesia na solidão
Acende a luz da paixão
E no solitário coração
O amor relampeja na Alma
Ribombando como um trovão
De um rigoroso inverno.
22
CHUVA EM MEU SER
Lúcia Silva
Tempo triste em meu viver
Céu sem sol, nuvens pesadas
Relâmpagos e trovadas
Faz-se chuva em meu ser!
Águas torrenciais a bater
No telhado da minh’alma
Ventos tiram-me a calma
Faz-se chuva em meu ser!
Solidão, melancolia, sofrer
Corpo encharcado, gelado
Sem o calor do meu amado
Perpetua-se chuva em meu ser!
23
CANTANDO NA CHUVA
Deomídio Macêdo
O Amor quando invade o coração
provoca grandes emoções,
como na cena de cinema
dirigido e estrelado por Gene Kelly,
no filme cantando na chuva.
O beijo mágico de Stanley Donen
faz com que Gene Kelly
Debochando de alegria
Sapateia sob a chuva,
do passeio para a rua,
A dançar com o guarda-chuva
numa cena deslumbrante.
Suas roupas se encharcam.
O poste é seu pedestal.
As pessoas passam admiradas.
Ele abre os braços
Numa só harmonia,
Tira o chapéu para os pingos lamberem
seu rosto que traduz felicidade.
Rodopia o guarda-chuva.
Caminha no ritmo da música.
Dança, rodopia, dança
com seu par improvisado.
Sapateia, brinca, sapateia
retira o chapéu e cumprimenta
o cartaz de uma mulher.
Com Humor, felicidade,
O rapaz vibra feito criança,
sempre a sorri.
Galopa, entusiasmado.
Fecha o guarda-chuva
sem perder a coreografia
Que a música lhe impõe.
As plantas no jardim
aplaudem ao bel prazer do vento
que assobia nas folhagens,
enfeitando a rua e o palco
do dançarino solitário,
e logo ali à frente
A bica jorra mel
que a chuva presenteia.
Como diz o comentário
de Edilza Mota
Logo abaixo na descrição
desta cena magnífica:
"Viver não é esperar a tempestade passar,
é aprender dançar na chuva".
Uma proposta em tempo de inverno.
24
INVERNO NO PAMPA GAÚCHO
Eda Bridi
No amanhecer
Campos cobertos de geada
Do branco das ovelhinhas
Que vão ligeirinho aquecer-se ao sol.
Aproximam-se outras ovelhinhas
Que no frio campo estão imersas
O peão traz aquela dispersa
Que ao longe bale de dar dó
E nos braços dele não se sente só!
No anoitecer
O minuano sopra gelado
Reunida na estância a gauchada
Vai sorvendo o “amargo” chimarrão
Que passa de mão em mão
E o pinhão que assa na brasa.
Ao som da gaita e do violão canta
E na “prosa” conta causos e superstição
Em mais uma rodada de chimarrão!
25
ENCERRAMENTO
INVERNOS NA ALMA. Mesóstico n. 7609
Sílvia Araújo Motta /BH/MG/Brasil
-
Imagens frias trazem voz do inverno
iNterior, triste, mudo... modo artista
noVo momento cria, quase eterno;
artE põe vida; quer rever florista,
-
ao doaR flor e cor, olhar tão terno,
muda o ceNário; tela nunca vista:
o bom e o belO chamam o riso externo;
marcam visões do Sol, de luz benquista;
-
beijo outoNal espera, sim, com calma;
uma obra primA, base e efeito certos,
de consciente formA e brilho na alma;
-
convencionaL pronúncia aquece o amor,
lábios, mente e Mar ficam sempre abertos;
o inverno passa e trAz real calor.
-
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